América Latina

Venezuela está a preparar-se para possível luta armada face às ameaças dos EUA: “Máxima pressão deles, máxima organização da nossa parte”

Diosdado Cabello, ministro do Interior da Venezuela, anunciou que o Partido Socialista Unido da Venezuela está a trabalhar para preparar a população para um possível conflito com o país governado por Donald Trump

Mural em Caracas com os rostos de Nicolás Maduro e Hugo Chávez
Miguel Gutierrez/EPA

O ministro do Interior da Venezuela anunciou que o partido no poder está a preparar-se para passar à luta armada para preservar a independência e soberania do país, perante as ameaças dos Estados Unidos.

"Realizámos o congresso, a plenária do nosso partido e nessa plenária, estabelecemos algumas principais tarefas que foram atribuídas ao partido, no âmbito da defesa integral da nação prevista na Constituição, é a transição da luta não armada para a luta armada no esquema claro de duas linhas centrais de trabalho: uma a resistência ativa prolongada, e a outra a ofensiva permanente", disse Diosdado Cabello, na segunda-feira.

Cabello falava durante a conferência de imprensa semanal do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), transmitida pela televisão estatal venezuelana.

"E o partido assume estas diretrizes como tarefas imediatas que se refletiram nas assembleias das comunidades que ocorreram no domingo", disse o ministro, precisando que receberam 47 mil contribuições das equipas políticas do PSUV e que as assembleias das comunidades vão continuar.

Cabello revelou ainda que, no sábado, decorreu "um grande exercício" com os venezuelanos que se inscreveram voluntariamente na Milícia Nacional Bolivariana.

"E no sábado, [realizou-se] outro grande exercício. São exercícios reais, pois o povo vai aos quartéis, para partilhar com os soldados, mas também para receber formação, dentro do método tático de resistência revolucionária de armas de fogo, camuflagem e primeiros socorros", disse o ministro.

Cabello sublinhou que o povo venezuelano está a preparar-se.

"Como disse o irmão Presidente [Nicolás Maduro], a máxima pressão da parte deles, máxima preparação da nossa parte. A máxima pressão da parte deles, máxima organização da nossa parte", frisou.

Segundo o ministro, o povo sabe que, na independência, soberania e preservação da Venezuela, "está em jogo a independência e a soberania de todas a Caraíbas e da América".

"É por isso que nos atacam, é por isso que querem invadir-nos, assediar-nos, e nós estamos prontos e preparados. [Somos] um povo decidido a preservar a nossa independência e a nossa soberania no âmbito da Constituição e da lei. E, como já dissemos, na hora de defender a Pátria vale tudo, tudo, menos fazer-se de idiota. Não há nada como a Pátria, não há nada como a independência do nosso país e vamos defendê-la contra quem for, quando for e como for", disse Cabello.

As tensões entre a Venezuela e os EUA aumentaram em agosto, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ordenado o envio de navios de guerra para as Caraíbas, para águas internacionais próximas do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de drogas da América Latina.

Na semana passada, Trump anunciou que os Estados Unidos tinham atacado um"barco que transportava droga", matando 11 "narcoterroristas", dizendo tratar-se de membros do Tren de Aragua, um cartel venezuelano estabelecido em vários países e classificado como organização terrorista pelo Presidente norte-americano.

Na segunda-feira, Trump afirmou que um segundo ataque militar dos Estados Unidos visou "narcoterroristas" da Venezuela em águas internacionais, fazendo três mortos.

Os Estados Unidos acusam o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel dos Sois, de tráfico de droga e recentemente aumentou a recompensa por informações que levem à sua captura para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros).

Nicolás Maduro denunciou a presença militar norte-americana junto à costa venezuelana e negou qualquer ligação com o narcotráfico.

Nas últimas semanas, Maduro apelou à população para que se aliste na milícia, um corpo altamente politizado, criado pelo falecido presidente Hugo Chávez, assim como anunciou um plano de defesa e o envio de 25.000 membros das forças armadas para as fronteiras.