Rafael Lomba, natural de Braga, é fotógrafo freelancer. Depois de ter denunciado à agência Lusa, sexta-feira, que foi expulso pelas autoridades marroquinas quando estava a documentar a região do Sara Ocidental, contou ao Expresso o que viu e ouviu num território que é palco de tensões. Detalha ainda o processo adotado pelas autoridades marroquinas para o afastarem da zona.
A antiga colónia espanhola em África — que espera há mais de três décadas por um referendo de autodeterminação — é disputada por Marrocos e a Frente Polisário, o movimento de independência reconhecido pela comunidade internacional como legítimo representante do povo sarauí.
O que o levou a Marrocos e ao Sara Ocidental?
Tomei conhecimento da situação do Sara Ocidental em 2018, quando visitei Marrocos pela primeira vez. É óbvio que lá não ouvi falar de nada, porque o tema é completamente proibido, ninguém tem ousadia de falar sobre ele. Mas quando fui pesquisar sobre o país descobri a situação do Sara Ocidental. Na altura, ainda não pensava fazer este tipo de projetos [documentários], estava numa fase muito inicial da minha formação. Ficou o conhecimento do que se passava e, mais tarde, assisti a uma conferência sobre o Sara Ocidental numa Festa do Avante, que me deixou o bichinho de tentar romper com o bloqueio mediático e pensar o projeto. Ainda não tinha meios nem capacidade. Acho que hoje, se calhar, me faltava maturidade fotográfica e experiência para conseguir realmente fazer um bom trabalho, mas não consegui esperar mais e tentei fazer o melhor possível.