Não muito longe de Portugal, reacendeu-se há quase três anos um conflito que as Nações Unidas (ONU) temem que possa escalar. Em causa está o Sara Ocidental, uma antiga colónia espanhola em África que espera há mais de três décadas por um referendo de autodeterminação. A ONU constituiu a MINURSO, uma missão para a realização de um referendo no Sara Ocidental, em 1991, mas este ainda não se concretizou. O território administrado por Espanha até 1976 é disputado por Marrocos e a Frente Polisário, o movimento de independência reconhecido pela comunidade internacional como legítimo representante do povo sarauí.
Em 2020 a Polisário acusou Marrocos de violar o cessar-fogo que vigorava desde 1991 e decretou o fim da trégua. Um relatório das Nações Unidas divulgado em outubro descreve que a situação no Sara Ocidental continua a ser marcada por “tensões e hostilidades de baixa intensidade” entre Marrocos e a Frente Polisário. Em foco está o muro construído por Marrocos, a rodear parte do Sara, também conhecido por ‘berm’.
“Incursões diárias na faixa tampão adjacente à ‘berm’ e hostilidades entre as partes nesta área violam o seu estatuto como zona desmilitarizada e enfraquecem ainda mais a estabilidade da região, com um risco real de escalada enquanto as hostilidades persistem. Ataques aéreos e disparos ao longo da ‘berm’ continuam a contribuir para um aumento das tensões”, pode ler-se no documento, no qual se apela ao restabelecimento de um cessar-fogo.