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“A nossa paz constrói-se muitas vezes em cima da guerra dos outros”: a importância de se falar de Cabo Delgado e do seu gás e rubis

A província moçambicana é palco de insurgência armada desde 2017, totalizando cerca de 4000 mortos e um milhão de deslocados. Destes, 300 a 400 mil terão regressado, mas é necessário acautelar “condições de permanência”. Um relatório da Ajuda em Ação alerta para os “interesses extrativistas” e as “dependências” que o apoio humanitário gera. Em conversa com o Expresso, dois responsáveis da ONG lembram que, como noutros conflitos, o corpo das mulheres está a ser usado como “campo de batalha” e “arma de guerra”

População de Impire, em Cabo Delgado, abandona a cidade devido a ataques de insurgentes, em junho de 2022
ALFREDO ZUNIGA/AFP/Getty Images

O número e a intensidade dos ataques em Cabo Delgado tem diminuído desde que a insurgência armada começou, há cinco anos, nesta província do extremo nordeste de Moçambique. Com a “contração da concentração geográfica dos ataques”, já há zonas “onde os deslocados poderiam viver com alguma segurança”, diz Jesús Pérez Marty, diretor da organização não-governamental (ONG) Ajuda em Ação no país.

Em conversa com o Expresso, o responsável alerta para a necessidade de se “criarem e consolidarem condições não apenas para o regresso, mas também para a permanência dos deslocados”.