Os líderes partidários do Burkina Faso acordaram na quarta-feira a formação de um governo de transição e a convocação de eleições em novembro de 2015. Não houve, contudo, consenso quanto ao líder do governo interino, que permanece indefinido.

O acordo pressupõe o "levantamento imediado da suspensão da Constituição" do país, assim como a "nomeação de um líder" para o governo interino, refere um comunicado. Segundo a BBC, no encontro estiveram também presentes grupos da sociedade civil e chefes tribais. A reunião esteve interrompida temporariamente devido a divisões por parte de líderes da oposição, que acabaram depois por regressar à sala. 

O acordo foi alcançado após várias horas de reunião na capital, em Ouagadougou, numa ação mediada pelos Presidentes do Gana, John Dramani Mahama, da Nigéria, Goodluck Jonathan, e do Senegal, Macky Sall, que pertencem à Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental.

Na segunda-feira, a União Africana (UA) tinha lançado um ultimato ao Burkina Faso, dando o prazo de duas semanas para a formação de um governo de transição liderado por civis, sob risco de sanções. O Presidente interino, o tenente coronel Isaac Zida, garantiu logo na altura que o país iria respeitar a decisão.

O Exército do Burkina Faso assumiu o poder no país, depois de o antigo Presidente Blaise Comparoé, em funções desde 1987, ter sido obrigado a a anunciar a dissolução do Parlamento e a fugir para a Costa do Marfim com a ajuda de França, no passado dia 31 de outubro.

Na origem da rebelião estiveram os protestos violentos nas ruas de milhares de cidadãos, revoltados contra a tentativa de Comparoé alterar a Constituição para se manter no poder durante mais cinco anos. Convirá referir que o Presidente estava já em funções há 27 anos.