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Branko Milanovic: “A Europa é a região do mundo onde se vive melhor, mas não ditará a mudança económica e política nos próximos 50 anos”

Milanovic nasceu na antiga Jugoslávia, em 1953. Assistiu aos protestos de 1968, quando estudantes, “usando distintivos vermelhos de Karl Marx”, ocuparam o campus da Universidade de Belgrado com cartazes que proclamavam o fim da “burguesia vermelha”. Escreveu “A Desigualdade no Mundo: uma Nova Abordagem para a Era da Globalização” (2017) e “Capitalismo, Apenas: o futuro do sistema que domina o mundo” (2022). Nesta entrevista ao Expresso, o pensador garante que as democracias ocidentais não são verdadeiras democracias, não porque foram cooptadas por movimentos populistas, mas porque o que determina o poder é o dinheiro

Branko Milanovic
Simone Padovani/Awakening

Há pouco mais de uma década, em 2013, dois economistas do Banco Mundial - Branko Milanovic e Christoph Lakner - demonstraram como a globalização beneficiou as classes médias mais ricas do bloco emergente, prejudicando, em contrapartida, as classes trabalhadoras da Europa e dos Estados Unidos, atingidas pelo encerramento de fábricas que se mudavam para a Ásia. A investigação de Branko Milanovic, um economista de dupla nacionalidade, sérvia e americana, debruçou-se também sobre a maior crise financeira desde a Grande Depressão, o ponto de viragem que abalou o mundo em 2008. Foi assim que surgiu a sua Curva do Elefante, um gráfico que mostra como as antigas sociedades industriais do Ocidente saíram lesadas, alimentando a ascensão da extrema-direita.

Em entrevista ao Expresso, o autor e pensador diz preferir não estabelecer uma correlação entre o populista de direita e o antidemocrático, critica a esquerda por ter-se afastado dos trabalhadores e explica como a desigualdade - que antes não era um tema - passou a estar na agenda mediática depois de 2008.