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A porta que Marcelo abriu a Sissoco

O sonho do Presidente guineense em se tornar um homem forte ganhou novo impulso

Marcelo Rebelo de Sousa saiu a pé do Aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, durante a visita de segunda e terça-feira
JOSÉ SENA GOULÃO/lusa

Não era preciso estar de orelha colada ao rádio para entender por onde Marcelo Rebelo de Sousa iria andar em Bissau. Nos dias que antecederam a primeira visita de Estado de um Presidente português em mais de três décadas, bastava seguir a coreografia em curso. Havia máquinas a aplanar com terra os buracos das ruas, muitas não asfaltadas, para suavizar a vida da comitiva. Pilhas de lixo foram removidas das bermas. Na Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, que liga o aeroporto ao centro da cidade, uma longa sequência de bandeiras de Portugal e da Guiné-Bissau foi montada no separador central. Desde a véspera, viam-se autocarros a sair para as regiões em busca de povo, enquanto um camião de caixa aberta carregado de animadores e música anunciava pelos bairros o que todos já sabiam.

Ainda assim, era preciso conhecer o chefe de Estado português para entender não onde, mas como iria passar. Quando o avião da Força Aérea Portuguesa aterrou, vindo de uma curta visita a Cabo Verde, levava quase duas horas de atraso e a escuridão cobria grandes partes da cidade. Milhares de pessoas ao longo da avenida tinham suportado intensa exposição ao sol e ao calor. A festa tão bem programada era um fracasso iminente.