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Reportagem em Lampedusa, dez anos após a grande tragédia: o mar continua a matar

Sobreviventes do naufrágio de 3 de outubro de 2013 regressaram para lembrar os que partiram

Manifestação na ilha do Mediterrâneo lembrou o início da tragédia que ainda dura

São três da manhã. Está calor como se fosse dia e só se ouve o som dos grilos nas ruas de Lampedusa, submersas num leve nevoeiro e na luz laranja e mortiça dos candeeiros públicos. A ilha de 12 metros quadrados, encaixada entre África e a Sicília, devia estar a dormir, mas dezenas de pessoas saem de casa. A concentração é na Praça Piave, no centro. O sino da Igreja de São Gerlando marca 3h15.

Um minuto depois, o som de outro sino, gravado previamente e que ecoa não na torre da igreja, mas através de um sistema de som montado na praça, assinala a hora em que há 10 anos, a 3 de outubro de 2013, começava a afundar-se, a cerca de um quilómetro da costa, um barco com mais de 500 pessoas a bordo. Só 155 haveriam de sobreviver. Nenhuma criança abaixo dos 12 anos foi resgatada com vida.