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A história ensina que negligenciar património cultural nas guerras traz problemas e respeitá-lo atalha o caminho da paz

Em muitos conflitos, a destruição de património é uma arma usada para desmoralizar as populações e, em última instância, derrotar o inimigo. A história está cheia de exemplos que confirmam como negligenciar património pode trazer problemas acrescidos às forças militares e respeitá-lo contribui para a paz. “O património cultural confere dignidade às comunidades e dá-lhes a sensação de que existe um futuro”, diz ao Expresso Peter Stone, que anda, há 20 anos, a sensibilizar forças armadas para os benefícios de protegerem o património

O conflito na Ucrânia não poupou esta igreja ortodoxa de Kuibyshevski, no leste do país
Antonio Bronic / Reuters

No final do século passado, a violência extrema que acompanhou o processo de desagregação da Jugoslávia ficou espelhada em massacres como o que ocorreu em Brčko, no nordeste da atual Bósnia-Herzegovina. Um grupo de muçulmanos foi levado para uma zona remota da povoação, alinhado junto a um fosso e morto a rajadas de metralhadora.

Quando, anos depois, se realizaram escavações em valas comuns, nessa área, descobriu-se que entre a terra que cobria os cadáveres havia também destroços da mesquita daquela comunidade, que tinha sido destruída.

As pessoas e a sua mesquita foram enterradas na mesma sepultura. Não há maior clareza quanto à indivisibilidade das duas coisas”, diz ao Expresso Peter Stone, responsável pela cátedra Unesco de Proteção de Bens Culturais e Paz, na Universidade de Newcastle (Reino Unido). “Não é possível diferenciar a proteção das pessoas da proteção do seu património.