No final do século passado, a violência extrema que acompanhou o processo de desagregação da Jugoslávia ficou espelhada em massacres como o que ocorreu em Brčko, no nordeste da atual Bósnia-Herzegovina. Um grupo de muçulmanos foi levado para uma zona remota da povoação, alinhado junto a um fosso e morto a rajadas de metralhadora.
Quando, anos depois, se realizaram escavações em valas comuns, nessa área, descobriu-se que entre a terra que cobria os cadáveres havia também destroços da mesquita daquela comunidade, que tinha sido destruída.
“As pessoas e a sua mesquita foram enterradas na mesma sepultura. Não há maior clareza quanto à indivisibilidade das duas coisas”, diz ao Expresso Peter Stone, responsável pela cátedra Unesco de Proteção de Bens Culturais e Paz, na Universidade de Newcastle (Reino Unido). “Não é possível diferenciar a proteção das pessoas da proteção do seu património.”