Os polacos não esquecem, o Ocidente não aprende. É mais ou menos este o resumo que Adrian Kolano, analista de Relações Internacionais no Warsaw Institute, faz do legado histórico da que ficou conhecida como a maior sublevação militar contra o exército nazi durante a II Guerra Mundial: a Revolta de Varsóvia, em 1944. Pouco mais de um ano antes dera-se a Revolta do Gueto de Varsóvia, também esmagada pelos nazis. Alguns dos poucos sobreviventes vieram a participar no levantamento do ano seguinte.
O Expresso falou com Kolano após ter lido um texto seu, publicado na página desse instituto, onde traça semelhanças entre a revolta polaca contra os nazis e o atual esforço dos ucranianos contra a invasão russa. “A principal ligação entre os dois acontecimentos, e isso não acontece assim com tanta frequência ou clareza na História, é que ambos estavam e estão a lutar contra o mal no seu estado mais puro. O que os nazis diziam dos polacos e dos outros povos é o mesmo que a propaganda russa tenta hoje dizer ao povo russo e não só: que os ucranianos são sub-humanos, que a nação ucraniana não tem razão de existir, etc.”, começa por dizer Kolano. Mas vamos à História.
Estamos em 1944 e pela primeira vez em cinco anos começam a desenhar-se possibilidades além da até então aparentemente óbvia vitória alemã. O exército de Hitler continua a ser uma força temível, mas a entrada da Rússia no conflito, avançando de leste, modifica-lhe por completo a dinâmica. Por esta altura, o aparelho nazi já ocupava a Polónia há cinco anos. Os polacos estavam a ser massacrados, deportados, torturados.