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Os 100 dias de uma guerra que ia durar 72 horas. Os novos mísseis norte-americanos vão mesmo mudar o jogo?

Moscovo faz avanços a custo no leste, os ucranianos esperam os novos mísseis HIMARS para nivelar o jogo

SOPA Images/Getty Images

Em três dias tudo estaria resolvido, disse o Kremlin ao mundo, em forma de aviso. Mas a realidade tinha outra ideia. O exército ucraniano afinal tinha-se transformado num exército profissional, em comparação com o retalho de milícias que tentou defender a Crimeia e o Donbas em 2014, e a população mostrou-se pouco inclinada a aceitar a operação especial salvífica que Moscovo quis vender. “Nestes momentos de balanço temos de relembrar que isto não é um jogo de computador, já morreram cerca de 4 mil pessoas e há mais de 15 milhões de deslocados e refugiados. Os soldados russos também são vítimas, de um regime cada vez mais autoritário que não permite qualquer contestação de ordens superiores no terreno”, começa por dizer ao Expresso Bruno Cardoso Reis, historiador e investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, em Lisboa.

Sabemos hoje que o primeiro objetivo dos russos não foi alcançado, Kiev não caiu, mas as tropas russas fizeram avanços significativos esta semana e controlam agora a cidade de Severodonetsk, na região de Luhansk, província do Donbas. O governador regional, Serhiy Gaidai, diz que há civis escondidos debaixo da metalúrgica — um cenário que pode revelar-se tão traumático como aquele que se desenrolou debaixo do complexo industrial de Azovstal, em Mariupol.