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Presidenciais em França: “Há uma guerra em solo europeu e falamos dos muçulmanos e do Islão?”

O islamismo tem sido tema recorrente nas eleições francesas. Mas qual o impacto desta discussão para a comunidade muçulmana? O reitor da Grande Mesquita de Paris lamenta que ao longo da campanha se tenha permitido que candidatos “atacassem parte da nação francesa” e critica o foco no Islão perante problemas como a guerra e o poder de compra. Já o presidente da União de Muçulmanos de França alerta que Marine Le Pen “pode verdadeiramente pôr em perigo os valores da República”

Muçulmana na Grande Mesquita de Paris durante o mês sagrado do Ramadão
Sam Tarling/Getty Images

Um dos pontos centrais na campanha presidencial tem sido a posição dos candidatos face ao islamismo e à comunidade muçulmana. No seu programa eleitoral, Emmanuel Macron defende medidas contra o islamismo radical, como o fecho de associações e mesquitas radicais e de escolas clandestinas. Marine Le Pen não se contenta com o combate ao radicalismo: quer “erradicar as ideologias islâmicas” e propõe a proibição do uso do véu islâmico nos espaços públicos.

O reitor da Grande Mesquita de Paris, Chems-eddine Hafiz, aponta que foram a debate, quarta-feira, “dois projetos muito diferentes”. “Um que se inscreve num quadro republicano no quadro que é a França. Não se pode esquecer que a França é o país dos direitos humanos, um país universalista. Tínhamos de um lado um republicano, que era Macron, e do outro uma mulher que quer proibir o abate religioso [de animais, que no islão tem determinadas regras], que quer proibir o véu. Em França há igualdade de direitos, somos todos iguais perante a lei e querer proibir o véu em público, e não os outros símbolos religiosos, é discriminar os muçulmanos”, apontou em entrevista ao Expresso.