A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, quarta-feira, uma censura ao congressista republicano Paul Gosar, do Arizona. Este publicara um vídeo de desenhos animados na rede social Twitter em que o próprio aparece a matar a também congressista Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata.
Afirmando que o filme demonstra uma clara ameaça à vida de um congressista, os democratas argumentaram que a conduta de Gosar não seria tolerada em nenhum outro lugar de trabalho, e que tampouco deveria ser aceite no Congresso. A votação de 223-207 foi quase totalmente definida por linhas partidárias.
A censura é considerada o castigo mais severo contra um membro da câmara baixa do Congresso, com exceção da expulsão. A resolução aprovada também exclui Gosar das duas comissões da Câmara dos Representantes de que era membro: a de Supervisão e Reformas e a de Recursos Naturais.
Há mais de uma semana, o republicano divulgou um vídeo com uma nota que dizia: “Algum fanático de anime?”. O vídeo de cerca de 90 segundos era uma versão alterada do típico estilo de animação japonesa, com fotografias de agentes da guarda fronteiriça e migrantes na fronteira sul dos Estados Unidos.
A importância do exempo
Numa cena, a personagem de Gosar golpeia Ocasio-Cortez no pescoço com uma espada. Noutra, ataca o Presidente Joe Biden. Durante a votação, sem arrependimento, Gosar rejeitou que o desenho animado fosse “perigoso ou ameaçador”, declarando: “Não defendo a violência contra ninguém. Nunca. Não tinha intenção de deixar ninguém chateado”.
Comparou-se ainda a Alexander Hamilton, primeiro secretário do Tesouro dos Estados Unidos, celebrado nos últimos anos num musical da Broadway. Também foi alvo de um voto de censura, mas nesse caso a Câmara não o aprovou. “Se tenho de juntar-me a Alexander Hamilton, o primeiro que tentaram censurar nesta Câmara, que assim seja, está feito.”
Num discurso emocionado, Alexandria Ocasio-Cortez alertou para os riscos do ato de Gosar para a reputação do Congresso. “O nosso trabalho aqui é importante. O nosso exemplo é importante. Há um sentido no nosso serviço”, apontou, dizendo que, “como líderes”, os parlamentares devem “traçar uma linha” quando há incitamentos “à violência com representações contra os colegas”.