A Europa registou, em 2021, o verão mais quente de sempre, com temperaturas recorde na zona do mediterrâneo, de acordo com informação divulgada esta terça-feira pelo Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia.
Nos últimos meses, a Europa tem sido atingida por diversas ocorrências climáticas adversas, incluindo níveis de chuva recorde, que provocaram inundações e vítimas mortais na Alemanha e na Bélgica e, também, ondas de calor extremo que contribuíram para incêndios florestais no sul do continente.
A temperatura média desde o início de junho até ao final de agosto foi cerca de 0,1 graus Celsius superior àquela que se verificou em verões anteriores, nomeadamente naqueles que tinham ficado registados como os mais quentes, em 2010 e 2018, um aumento relativamente pequeno. No entanto, a média situa-se 1ºC acima da média do período entre 1991 e 2020.
Enquanto o sul da Europa quebrou recordes de calor e o leste estava mais quente do que a média, o norte da Europa registou um calor de verão abaixo da média. Itália registou uma temperatura de 48,8ºC a 11 de agosto, na Sicília. Se tivesse sido verificado pela Organização Meteorológica Mundial, este seria o dia mais quente alguma vez registado na Europa. O mais quente, antes disso, era de 48,0ºC em Atenas, Grécia, em 1977.
O calor esteva relacionado com um anticiclone que também afetou a Espanha, seguido do calor extremou se fez sentir na Grécia e na Turquia, países que sofreram graves incêndios florestais. Uma análise recente do projeto World Weather Attribution descobriu que as mudanças climáticas tornaram as inundações na Alemanha e na Bélgica mais prováveis.
Assim como os incêndios florestais, as inundações também podem estar relacionadas com as altas temperaturas. O calor contínuo pode piorar as condições de seca, mas também pode aumentar a quantidade de vapor de água retido na atmosfera, o que pode tornar as chuvas mais intensas, mesmo que sejam menos frequentes. Quando a chuva forte cai sobre o solo seco, este tem dificuldades em absorver a água de forma eficiente, o que leva a inundações.
Um relatório publicado em agosto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU projetou que, independentemente do aumento da temperatura global, a Europa é uma região que ficará cada vez mais quente. O documento estimou, também, que os limiares críticos para seres humanos e ecossistemas da região serão excedidos se o aquecimento global atingir 2ºC ou mais.
Com 1,5ºC de aquecimento, as inundações causadas por chuvas fortes deverão aumentar em todas as partes da Europa, exceto no sul. Uma subida de 2ºC antecipa que o sul experienciará um aumento nas condições de seca - uma diminuição na chuva, dias mais quentes e mais dias de calor extremo.