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Talibãs “não são a Al-Qaeda”, vão negociar e querem “reconhecimento internacional”: a análise de um ex-porta-voz português da NATO

O regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão não surpreendeu quem tem experiência no terreno, como é o caso do major-general Carlos Branco, antigo porta-voz das forças da NATO. Mas a rapidez e a forma como foi feita origina muitas interrogações. “A saída dos Estados Unidos do país não pode explicar totalmente aquilo a que estamos assistir”, diz o militar português, que não acredita no regresso à guerra civil

"A queda de Cabul" para os talibãs é notícia em todo o mundo
AAMIR QURESHI / AFP / GETTY IMAGES

Com a entrada dos talibãs em Cabul avolumam-se as interrogações sobre o futuro político do Afeganistão. Este domingo, já com o Presidente Ashraf Ghani fora do território afegão, foi notícia que soldados dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá e da Austrália estão a caminho do país para proteger a retirada de nacionais. A fuga do Presidente precipitou os acontecimentos.

Ao mesmo tempo que os líderes islâmicos anunciaram que vão proclamar o Emirado Islâmico do Afeganistão, no aeroporto de Cabul instalou-se o caos. Como vai ser governado o Afeganistão a partir daqui é a pergunta do momento.

Para o major-general Carlos Branco, que exerceu funções como porta-voz das forças da NATO no Afeganistão, é cedo para responder. Não o surpreende o regresso ao poder do grupo islâmico - “antecipei-o há dez anos”, diz ao Expresso -, “mas foi surpresa ter sido tão rápido, tal como foi surpresa a forma como foi feito”.