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O regresso dos talibãs: em dois meses, as milícias conquistaram quase tanto território como nas duas décadas anteriores

No Dejà Vu desta semana, o escritor Bruno Vieira Amaral leva-nos até 1997 — numa altura em que, “após a retirada quase total dos militares norte-americanos, os talibãs voltaram em força ao tabuleiro do poder afegão”

JEAN-CLAUDE CHAPON/AFP/Getty Images

Ninguém como os norte-americanos para inventar um inimigo de banda desenhada com traços caricaturais e desumanizado até à medula. A criação de um inimigo símbolo do Mal, mesmo quando baseada em factos verídicos, é uma das características da pax (ou será bellum?) americana ao longo das últimas décadas. Antes dos algozes encapuzados do autoproclamado Estado Islâmico, os talibãs foram uma das corporizações mais recentes do antagonista ideal dos Estados Unidos da América e, por extensão, do Ocidente. Contudo, no início, a história dos talibãs era apenas mais um capítulo na história dos conflitos internos do Afeganistão.

A guerra civil que eclodiu em 1992 e opôs várias fações de mujahedin, apoiadas por diferentes países, numa luta fratricida pelo poder, ganhou um novo ator em setembro de 1994. Os talibãs — movimento de estudantes islâmicos oriundos do sul e do leste do Afeganistão; talib é a palavra pachto para estudante — entraram em cena prometendo limpar o país dos senhores da guerra e instaurar um regime em que vigoraria a sharia, a lei islâmica. Este bando de exegetas barbudos, conhecedores do seu Alcorão e das virtudes persuasivas da MK-47, não nasceu de forma espontânea das áridas montanhas afegãs.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.