A maioria dos países da União Europeia (UE) não conseguiu cumprir a meta de ter pelo menos 80% dos idosos (com 80 anos ou mais) e 80% dos profissionais de saúde vacinados contra a covid-19 até ao final de março. Portugal, no entanto, conseguiu cumprir as metas com 84,3% da população com mais de 80 anos já vacinada com a primeira dose. O Governo português estima que os profissionais de saúde considerados prioritários estejam todos vacinados até 11 de abril, o que representa que o país cumprirá as metas intercalares definidas pela Comissão Europeia.
No outro lado do espectro está a Bulgária, o país que ocupa a pior posição: apenas cinco por cento dos maiores de 80 anos já foram vacinados e apenas 17,6% dos médicos e enfermeiros búlgaros receberam a primeira dose da vacina.
Com cerca de 107 milhões de doses já distribuídas e mais 360 milhões programadas para serem entregues durante segundo trimestre, a UE mantém a esperança de ter toda a população adulta imunizada até ao final do verão.
“O que nos deixa numa situação em que temos imunidade comunitária suficiente para combater o vírus”, disse esta terça-feira o porta-voz da Comissão Europeia Stefan De Keersmaecke, ressalvando que isso só poderá acontecer se a entrega de vacinas não mimetizar os atrasos que se verificaram no primeiro trimestre.
“Precisamos, obviamente, de metas realistas”, acrescentou o porta-voz da Comissão. O falhanço nas metas intercalares do plano de vacinação europeu também se explica, não só pelas estratégias adotadas por cada Estado-membro, mas também com a entrega de menos de metade do número de vacinas prometidas pela AstraZeneca.
Sobre o falhanço nas metas intercalares pela maioria dos Estados-membros, o porta-voz da Comissão sublinhou que existe também um atraso no envio dos dados pelos países da UE – pelo que os números totais poderão ser mais positivos – sem deixar de lamentar o atraso na distribuição das vacinas.
O mesmo já tinha sido referido pela presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, na semana passada, quando fez um balanço do primeiro trimestre da campanha de vacinação europeia. “Claro, todos nós sabemos que poderia ter sido muito mais rápido se todas as empresas farmacêuticas tivessem cumprido os seus contratos”, disse a responsável.
Dados divulgados pelo Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla original) mostram que as taxas de vacinação aumentaram em muitos Estados-membros, mas os números ainda estão muito abaixo da meta fixada pela UE.
Na segunda-feira (5 de abril), a vacinação mediana dos 23 Estados-membros que reportaram os dados da primeira dose administrada aos maiores de 80 anos era de 60% e a vacinação completa com duas doses era de 36,5% – bem longe dos 80% definidos pela UE.
Para o grupo dos profissionais de saúde, os números mostram que, de um universo de 14 Estados-membros que enviaram os dados ao ECDC, 62,2% receberam a primeira dose e 49,5% receberam a segunda.
Quem lidera?
Malta (95,8%), Irlanda (94,8%), Suécia (87,7%), Finlândia (85,1%) e Portugal (84,3%) são os países da UE, entre os que enviaram os dados (Espanha não enviou, por exemplo), que conseguiram atingir a meta intercalar no que diz respeito à vacinação de pessoas com mais de 80 anos. A Dinamarca está também prestes a atingir o objetivo, com 78,9% desse grupo populacional já imunizado com a primeira dose.
Hungria, Estónia e Irlanda são os três países que já vacinaram com a primeira dose da vacina 100 por cento dos seus profissionais de saúde, segundo dados do ECDC – a Hungria está prestes a atingir os 100 por cento dos profissionais que já receberam a segunda dose (99,9%).
Para os 14 países que enviaram os dados para o ECDC, a meta definida está ainda distante: 62,9 por cento já receberam a primeira dose e quase 50 por cento já estão totalmente imunizados (49,5%).
Espanha perto de ter todos os médicos e enfermeiros vacinados
Espanha, que não reportou os dados da vacinação referentes à população sénior com mais de 80 anos, tem, no entanto, quase todos os seus profissionais de saúde já vacinados: 95% já receberam uma dose da vacina e 70,1% receberam as duas. Roménia (94,6%) e República Checa (75,2%) estão também entre os países em que os médicos e enfermeiros estão perto de atingir as metas traçadas pela UE.
No fim da lista está a Bulgária, com apenas 17,6% dos profissionais de saúde já vacinados – e apenas 13,4% já com as duas vacinas administradas.