Internacional

Terroristas atacam vila de Palma um dia depois de acordo anunciado entre Governo moçambicano e a petrolífera francesa Total

Localidade considerada das mais seguras na província nortenha foi palco de confrontos entre extremistas islâmicos e tropas moçambicanas

Palma era vista como uma das vilas mais calmas de Cabo Delgado, dada a proximidade às instalações petrolíferas
JOHN WESSELS/AFP/Getty Images

A Vila de Palma, a norte da província de Cabo Delgado, foi alvo de um forte ataque de surpresa esta quarta-feira, atribuído ao grupo de extremistas que aterroriza o norte de Mocambique desde outubro de 2017.

O ataque, iniciado entre as 15 e 16 horas de Moçambique (14 e 15 horas em Portugal), aconteceu um dia depois de a companhia petrolífera francesa Total e o Governo moçambicano terem anunciado o regresso gradual à atividade nas instalações de liquefação de gás na península de Afungi.

O Expresso recolheu relatos de que os confrontos violentos entre o grupo e as forças armadas se prolongaram ao longo da noite. Não há detalhes sobre os confrontos, porque as comunicações foram interrompidas durante os ataques.

Joseph Hanlon, jornalista britânico que escreve sobre o conflito, reporta na sua newsletter que houve ataques coordenados por vários grupos, os quais atingiram os subúrbios e uma aldeia próxima. Os combates levaram ao bloqueio da estrada de Palma para Afungi.

Civis fogem de barco

Segundo informações que ainda carecem de confirmação, os insurgentes atacaram primeiro a esquadra da polícia local, antes de se dirigirem à vila de Palma. Ali terão protagonizado pilhagens e destruição de instituições do Estado.

Os tiroteios obrigaram a população a fugir para as matas. Outros civis terão recorrido a barcos para se retirarem da vila.

A Total tinha anunciado ontem, em comunicado, que o Projeto Mozambique LNG iria progressivamente retomar as atividades de construção no local do projeto em Afungi, na sequência da adoção de medidas de segurança adicionais no local.

Governo reforçou segurança

O Governo declarara a área, num perímetro de 25 km em torno do projeto, zona de operação especial. Foi definido e aplicado um roteiro abrangente, incluindo o reforço das infraestruturas de segurança e das forças de segurança pública.

Isso permitiria uma “remobilização gradual da mão-de-obra do projeto e a retoma das atividades de construção da fábrica de GNL e dos programas de desenvolvimento comunitário realizados pelo projeto”. Este ataque obrigará a um recuo.

O distrito de Palma era considerado o mais seguro a norte de Cabo Delgado, uma vez que havia maior concentração das forças armadas, incluindo os ramos de forças especiais. O acesso à vila só era feito através de avionetas, porque a via terrestre já estava cortada.