Uma centena de cubanos, na sua maioria artistas, universitários ou empresários, divulgaram esta terça-feira uma carta aberta ao Presidente dos EUA, Joe Biden, em que lhe solicitaram o levantamento do embargo a Cuba, existente desde 1962.

"Presidente Biden, comece a desmantelar o sistema de sanções, que continua a afetar o povo cubano", escreveram os signatários do documento, entregue "à representação diplomática do governo dos EUA em Havana e diretamente na Casa Branca".

O texto, publicado pelo meio eletrónico independente La Joven Cuba e aberto a outros subscritores, tem, entre outras, a assinatura de Alan Gross, condenado em 2011 a 15 anos por espionagem, por ter introduzido material de transmissão por satélite para a internet interdito na ilha.

A sua libertação, em dezembro de 2014, tinha acompanhado o anúncio histórico de uma aproximação entre Cuba e os EUA, anulada depois por Donald Trump, que multiplicou as sanções durante o seu mandato.

A carta, que contava 30 assinaturas da parte da manhã, atingiu a centena a meio da tarde, tendo suscitado declarações de vários interessados em se juntar à iniciativa.

O texto também foi assinado por numerosos artistas que participaram, em 27 de novembro, no movimento de protesto, para exigir liberdade de expressão, como o jovem dramaturgo Yunior Garcia, o cineasta Fernando Pérez ou o ator Jorge Perrugoria.

Reconhecedores de que "apesar dos sacrifícios de todos os patriotas para uma Cuba totalmente democrática", ainda se encontram "longe desse objetivo", os autores acrescentaram: "Consegui-lo decorre da responsabilidade dos cubanos, não de pressões externas".

Insistiram ainda que "os EUA não são o aliado ideológico (de Cuba), mas podem deixar de ser um vizinho hostil".

A carta foi publicada poucos dias depois de o senador democrata Ron Wyden, secundado por outros três senadores democratas, ter apresentado um projeto de lei com vista ao levantamento do embargo e ao estabelecimento de relações comerciais normais" entre os dois países.