Alexei Navalny, de 44 anos e um frontal crítico do regime do Presidente Vladimir Putin, foi esta tarde condenado a três anos e meio de prisão por ter quebrado as condições da sua pena suspensa, emitida em 2014 por lavagem de dinheiro, acusações que os seus apoiantes criticam, considerando essa sentença - e esta - apenas uma forma de afastar Navalny da oposição.
A acusação pela qual recebe a sentença prende-se com a falta de comparência nos serviços administrativos que registam os processos de liberdade condicional, mas Navalny alega que não podia tê-lo feito uma vez que estava a ser tratado na Alemanha por envenenamento com o agente químico novichok, em agosto, ato que o próprio considera uma tentativa de assassinato por parte do Estado russo. Putin nega que o seu Governo tenha tentado matar Navalny - até porque “se o tivesse tentado, teria conseguido”, como o próprio disse.
Vários apoiantes de Navalny reuniram-se nos últimos dias à porta do tribunal, no distrito moscovita de Simonovsky, em protesto contra o julgamento, e mais de 300 foram presos. Desde que Navalny foi preso, imediatamente após aterrar em Moscovo depois do tempo que passou em recuperação, milhares de pessoas têm-se manifestado em várias cidades russas, não raramente sofrendo repressão violenta das forças de segurança.
No domingo, mais de 5000 pessoas foram detidas em pelo menos 85 cidades de acordo com o grupo de monitorização independente OVD-Info, números a que a CNN teve acesso - e desde 2011 que não eram tão elevados. Só na capital, mais de 1600 foram presas, incluindo Yulia Navalny, mulher de Navalny, tendo sido depois libertada.
Nas palavras que lhe são autorizadas antes de proferida a sentença, Navalny disse ao juiz: "O senhor não pode colocar todo o país na prisão. O objetivo desta audiência é o de assustar um grande número de pessoas. Vocês prendem um homem para assustar milhões”. Navalny disse ainda ter “insultado o velho no bunker” ao sobreviver ao envenenamento por novichok e que esta sentença tem raiz nessa humilhação, referindo-se a Vladmir Putin.