Em entrevista ao Expresso, Yiwu Liao oscila entre raiva, frustração e nostalgia ao falar de casa, que abandonou depois de preso e perseguido. Começou a ser um alvo após o Massacre de Tiananmen, em 1989. Depois publicou dez livros e ganhou mais de uma dezena de prémios pela obra que repete o protagonista: o regime do Partido Comunista chinês (PCC). Sente falta do vinho, da comida e do dialeto de Sichuan, onde nasceu e para onde quer voltar. O escritor diz que Pequim lhe roubou os sonhos e as raízes, mas também culpa o Ocidente por fechar os olhos.
É conhecido por ser crítico do regime chinês. O impacto do que escreve vale os riscos que corre?
Os meus livros “For one song and one hundred songs – a literary testimony from a Chinese prison” e “Bullets and Opium” [sem edição portuguesa] tiveram impacto gigante. Ganhei o prémio Geschwister-Scholl-Preis, em 2011, o Peace Prize, da Associação German Publishers and Booksellers em 2012, e o Prémio Ryszard Kapuscinski International Report. Na comunicação social sou referido como o “Solzhenitsyn da China”, porque comparam estes livros a “O arquipélago Gulag” [sobre a vida nos campos soviéticos]. “Bullets and Opium” foi o livro com maior impacto no âmbito da literatura sobre o Massacre de Tiananmen.