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Recorde a entrevista ao Expresso de Maria Ressa, Nobel da Paz 2021: “Não vou desistir. Estou do lado certo da História”

A jornalista filipina, condenada por ciberdifamação depois de ter incomodado o regime do Presidente Rodrigo Duterte, é uma das laureadas com o Nobel da Paz em 2021. O comité norueguês que atribui o prémio distinguiu-a em conjunto com o russo Dmitri Muratov. O Expresso recupera uma entrevista a Maria Ressa, feita em maio de 2020

Ressa esteve entre os jornalistas escolhidos como Pessoa do Ano pela revista “Time” em 2018

Catarina Brites Soares

Cem anos de prisão. É o que pode acontecer a Maria Ressa se for condenada com pena máxima nas várias acusações que enfrenta nas Filipinas. Em entrevista ao Expresso, a jornalista e fundadora do site informativo “Rappler” afirma que é mais um caso de perseguição política do Presidente Rodrigo Duterte. O objetivo, garante, é intimidar e acabar com quem ousa desafiar o homem que governa o arquipélago asiático desde 2016. Duterte tem pulso forte, mas Ressa não tem medo. Ao mundo deixa um aviso: o que se passa nas Filipinas hoje é o que se passará lá fora amanhã. A Duterte faz um pedido: que deixe de fingir que governa uma democracia, já que caminha a passos largos para uma ditadura.

Estão a tentar silenciá-la?

É muito claro que sim. Basta olhar para os ataques do Governo contra mim. Tiveram início em 2016, quando começámos a denunciar os abusos da ofensiva policial lançada pelo Presidente Duterte contra o tráfico e o consumo de drogas. Foi a primeira vez que desafiámos o Governo. Seguiram-se as denúncias que fizemos sobre como usa o Facebook para manipular a população. Fomos alvo de 11 processos de investigação e casos judiciais instaurados pelo Governo. Paguei oito fianças [no valor de 3 milhões de pesos filipinos, cerca de €54 mil] e fui presa duas vezes. Em 2020, foi interessante ver como recuperaram a narrativa de 2016, de que um jornalista é um criminoso. Nessa altura dava vontade de rir, agora já não. Uma mentira repetida um milhão de vezes torna-se verdade. É assim que morre uma democracia.

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