Forças da autoridade no parque de estacionamento de uma loja a cortarem à facada os pneus de todos os carros lá estacionados não é um espetáculo que se espere ver. Mas foi o que aconteceu em Minneapolis uns dias depois de começarem as manifestações contra o assassinato de George Floyd.
Fardados como soldados, os membros da patrulha estadual aparecem em vídeos que foram colocados na internet a cortar metodicamente os pneus dos carros num parque da Kmart. Também o fizeram numa rua um dia depois. Quando a revista "Mother Jones" publicou os vídeos, as autoridades começaram por negar. Agora, acabaram por reconhecer os factos, e deram uma explicação.
Segundo um porta-voz do Departamento de Segurança Pública, Bruce Gordon, explicou ao jornal "The Star Tribune", "as tropas da patrulha estadual esvaziaram estrategicamente pneus, a fim de parar comportamentos tais como veículos a conduzir perigosamente e em altas velocidades em cima e à volta de manifestantes e da polícia".
Não é uma "táctica típica", admitiu Gordon, mas recorreu-se a ela para evitar que os carros pudessem ser usados como armas ou ficassem a bloquear o caminho, uma vez que, com as manifestações em curso, não haveria maneira de chamar reboques.
O porta-voz acrescentou que a polícia esvaziou pneus de carros onde houvesse pedras, paus ou outros objetos que pudessem servir de armas. Dado que muitos dos carros pertenciam não só a manifestantes pacíficos como a jornalistas e pessoas que trabalham no sistema de saúde, a explicação foi vista como desafiadora da compreensão.
A militarização das operações policiais é há muito criticada nos Estados Unidos, e a repressão dos protestos atualmente em curso tem fornecido exemplos de abusos. A patrulha estadual do Minnesota e o departmento de xerife de Anoka County, que admitiram ter procedido à destruição dos pneus, vão ter provavelmente que se justificar melhor.