Internacional

Ambulância com doente em dificuldades foi rejeitada por sessenta hospitais no Japão

A obrigação de internar qualquer doente que vá ser sujeito a testes é um dos fatores que contribuem para o caos. Outro é a falta de equipamentos protetores

O sistema de saúde no Japão está em situação crítica. Soube-se agora que uma ambulância com um doente com febre e dificuldades de respiração foi rejeitada por 60 hospitais. Em março, 931 ambulâncias tiveram de andar de hospital em hospital até conseguirem um serviço de urgência que acolhesse a pessoa que transportavam. Esse número subiu para 830 só na primeira semana e meia de abril.

Duas associações médicas avisaram que o colapso de medicina de urgência prenuncia o colapso da medicina em geral. Os problemas, em parte, têm a ver como facto de qualquer pessoa com sintomas do coronavírus ser internada, o que faz com que pessoas com doenças mais habituais - cardíacas, por exemplo - fiquem sem lugar.

Por outro lado, também se verifica uma falta aguda de equipamento protetor para os profissionais de saúde, como acontece noutros países. O sindicato dos trabalhadores médicos exigiu ao governo que fornecesse esse equipamento, e reclamou um pagamento extra para situações de alto risco.

Paira sobre o Japão o espetro de países como a Itália, onde a falta de unidades de cuidados intensivos foi um dos fatores que levou à mortalidade extremamente elevada com o COVID-19. O Japão neste momento tem oficialmente 9787 infetados e 190, mas os números ameaçam crescer rapidamente.

Inicialmente o país foi visto como um caso de sucesso na contenção da doença, tendo investido na contenção de focos que se desencadearam em sítios de reuniões e outros lugares. Mas essa estratégia foi ultrapassada. por um realidade cada vez mais preocupante. Quinta-feira, o primeiro-ministro Shinzo Abe alargou o estado de emergência a todo o Japão.