Duzentas mil máscaras cirúrgicas encomendadas pela polícia de Berlim a um empresa americana foram "confiscadas" em Banguequoque e desviadas para os Estados Unidos.
O ato, que o ministro do Interior de Berlim considerou uma forma de pirataria moderna, aconteceu na mesma altura em que a administração Trump exigiu à mesma empresa, a 3M, que deixe de exportar ventiladores para o Canadá e para a América Latina.
Dos cem mil milhões de máscaras cirúrgicas produzidos pela 3M todos os meses, dois terços são feitos fora dos EUA. Quinta-feira o presidente norte-americano acusou publicamente a empresa: "Batemos forte na 3M depois de vermos o que estavam a fazer com as máscaras deles", disse ele num tweet. "Grande surpresa para muitos no governo o que eles estavam a fazer - vão pagar um preço muito alto!".
A 3M diz que lhe foi ordenado, ao abrigo de uma lei de Defesa que data do tempo da guerra da Coreia, em 1950, que desse prioridade às encomendas da agência de emergências do governo federal americano, e que enviasse para os EUA uma quantidade maior dos ventiladores que fabrica no estrangeiro.
Embora afirme concordar com ambas essas ordens, contesta outra que também lhe foi dada, para deixar de exportar ventiladores para a América Latina e o Canadá.
As implicações humanitárias são significativas, explica, dado o facto de a 3M ser um "fornecedor crucial de respiradores", e poderá levar a retaliações que, em última análise, levariam a uma redução do número de equipamentos nos EUA.
Vários países queixam-se
Entretanto, no Canadá a atitude americana também foi mal recebida, até porque o país não fabrica as suas próprias máscaras cirúrgicas. O primeiro-ministro Justin Trudeau avisou que seria um erro reduzir o fluxo comercial entre os países.
Notando que milhares de enfermeiras de Windsor, uma cidade canadiana que faz fronteira com Detroit, trabalham diariamente nesta última cidade, Trudeau disse que há produtos e outros bens essenciais a fluir em ambos os sentidos. "Isto são coisas de que os americanos dependem", acrescentou.
Outros países também têm criticado os Estados Unidos por atos agressivos similares. Líderes regionais francesas, por exemplo, queixam-se de os americanos oferecerem mais dinheiro, e pago mais rapidamente, quando há um fornecimento de máscaras e outros equipamentos disponíveis no mercado.