Não é por acaso que, se escrever a palavra “coronavírus” no Google, lhe vão aparecer nos primeiros resultados duas ligações para o site da Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma explica de que se trata o vírus e a outra oferece-lhe conselhos de segurança para se prevenir. As duas estão dentro da mesma estratégia: dar prioridade a instituições com informação verificada, rigorosa e não sensacionalista.
A expansão do surto do novo coronavírus, o Covid-19, tem provocado alarme nalgumas regiões do mundo, mas tem também aumentado o risco de divulgação de notícias falsas e alarmistas. Para o evitar, as grandes empresas tecnológicas estão a tomar medidas.
O anúncio mais recente partiu do Facebook, que proibiu qualquer peça ou artigo publicitário que faça menção a uma possível cura ou que crie “uma sensação de urgência” em relação ao tema. A notícia é avançada pelo site de tecnologia Business Insider esta quarta-feira, que acrescenta que a empresa de Mark Zuckerberg já estava a vigiar as menções feitas ao vírus naquela rede social. O Facebook, ainda em janeiro, prometeu “eliminar conteúdo com afirmações falsas ou teorias da conspiração” acerca do vírus” e reforçar o trabalho dos seus verificadores de informação. Incluiu o Instagram na equação.
Tal como no Google, também no Facebook de alguns países (em Portugal ainda não), quem pesquisa por “coronavírus” encontra como primeiro resultado uma mensagem a remeter para a página da OMS.
Já a Google, responsável pela grande plataforma de pesquisa na internet, diz que a seleção de informação é prática corrente em temas “especialmente sensíveis e propensos à desinformação”, estejam eles relacionados com saúde, atentados ou desastres naturais. É por isso que cria os chamados “painéis de conhecimento”, duas ou três ligações que redirecionam imediatamente quem pesquisa para um site confiável. Segundo a empresa, este filtro é criado “automaticamente a partir dos conteúdos que existem na rede” e graças a um algoritmo capaz de selecionar apenas instituições públicas e meios de comunicação verificados.
Também propriedade do Google, o YouTube está já a fazer o mesmo: primeiro a OMS, depois outras fontes verificadas e só a seguir os vídeos de utilizadores. Também aqui a ajuda é de um algoritmo, além das denúncias dos internautas. Os conteúdos suspeitos de conter informação falsa têm um alcance limitado e podem mesmo, nos casos mais graves, ser apagados.
Das grandes sociais falta apenas uma. O Twitter já tinha anunciado medidas similares às do Facebook em janeiro e também já tem a OMS no topo dos resultados das pesquisas em alguns locais. Citada pelo espanhol “El País”, a empresa explica que engloba estas ações na campanha #KnowYourFacts (“Conheça os seus factos”, em português), criada para prevenir a difusão de informação falsa. Porém, alerta, não sentiu ainda, em relação ao coronavírus, “tentativas coordenadas e significativas de difundir desinformação em grande escala”.