Internacional

Fontes ocidentais e iraquianas afirmam que avião ucraniano que caiu em Teerão terá sido abatido por míssil iraniano

Fontes ouvidas pela “Newsweek” referem que o míssil terra-ar que terá atingido o Boeing 737 será um Tor-M1 de fabrico russo. As autoridades iranianas rejeitam a tese

Homenagem às vítimas da queda de um avião da UIA perto de Teerão
SERGEI SUPINSKY/Getty Images

Expresso e Lusa

O avião da Ukraine International Airlines que caiu nesta quarta-feira oito minutos após descolar do aeroporto de Teerão terá sido abatido acidentalmente por um míssil iraniano terra-ar, garantem fontes do Pentágono e dos serviços de informações norte-americanos e iraquianos ouvidas pela "Newsweek". O avião, com destino a Kiev, na Ucrânia, caiu logo após a descolagem da capital do Irão, matando as 176 pessoas que seguiam a bordo. A causa do acidente, avançada inicialmente, apontava para que o aparelho teria sofrido uma avaria técnica, mas estão agora a ser avançadas outras possíveis explicações.

Também fontes ocidentais citadas pelo "Guardian" acreditam que o avião foi abatido por erro através do disparo de um míssil. Responsáveis norte-americanos afirmam, por seu turno, ter identificado sinais da ativação da bateria de um míssil momentos antes da queda do aparelho da UIA, a sudoeste de Teerão, e acrescentam que foram igualmente detectados sinais de infra-vermelhos que assinalam dois lançamentos de mísseis, seguidos, pouco momentos depois, pelo incêndio no avião e a queda.

O avião transformou-se numa bola de fogo depois de ter levantado voo e os pilotos ainda tentaram inverter a direção da aeronave de modo a regressar ao aeroporto, mas sem sucesso. Os pilotos não emitiram pedidos de ajuda. Estas informações constam de um relatório preliminar da investigação iraniana divulgado esta quinta-feira pela organização de aviação civil do Irão, segundo o qual não foi efetuado qualquer pedido de ajuda.

A bordo seguiam 176 passageiros, dos quais 82 iranianos, 63 canadianos, 11 ucranianos, 10 suecos, quatro afegãos, três alemães e três britânicos e a queda registou-se pouco tempo depois de o Irão ter lançados os ataques com mísseis a duas bases iraquianas onde se encontram instalados militares norte-americanos.

As fontes ouvidas pela "Newsweek" referem que o míssil terra-ar que terá atingido o Boeing 737 será um Tor-M1, fabricado na Rússia e que é conhecido na NATO como "Gauntlet". Outras fontes asseguram terem sido encontrados destroços de um míssil terra-ar nas imediações do local onde o Boeing se despenhou.

Autoridades iranianas rejeitam tese do míssil

As autoridades iranianas rejeitaram a tese de que o desastre do Boeing 737 esteja relacionado com um eventual ataque com mísseis, afirmando que a teoria "não faz sentido". "Vários voos domésticos e internacionais voam ao mesmo tempo no espaço aéreo iraniano à mesma altitude de 8.000 pés, e essa história de ataque com mísseis (...) não podia estar mais incorreta", indicou o Ministério dos Transportes iraniano, num comunicado.

"Esses rumores não fazem qualquer sentido", prosseguiu a nota informativa, que cita o presidente da Organização de Aviação Civil iraniana (CAO) e vice-ministro dos Transportes, Ali Abedzadeh. A propósito das caixas negras do aparelho, encontradas no mesmo dia do desastre (quarta-feira), Ali Abedzadeh declarou que "o Irão e a Ucrânia têm os meios para descarregar as informações" que os aparelhos contêm.

"Mas, caso sejam necessárias medidas mais especializadas para extrair e analisar as informações, podemos fazê-lo em França ou em outros países", afirmou o representante iraniano, num momento em que foram divulgadas informações que dão conta de que Teerão está a recusar o acesso às caixas negras do avião ao fabricante norte-americano Boeing. Sem desmentir explicitamente tais informações, o comunicado do ministério rejeitou "os rumores sobre a resistência do Irão em dar as caixas negras (...) aos Estados Unidos".

As autoridades ucranianas, que enviaram para Teerão uma equipa de 45 investigadores para participar no inquérito em curso, avançaram esta quinta-feira que estão a investigar pelo menos sete possíveis causas do desastre, incluindo um eventual ataque com mísseis. "Estamos a avaliar de forma minuciosa todas as teses, que são sete", indicou hoje, em declarações à agência France-Presse (AFP), o secretário do Conselho ucraniano de Segurança e de Defesa Nacional, Sergei Danylov. Por enquanto, "nenhuma é prioritária", precisou o mesmo representante ucraniano.

[Notícia atualizada às 17h53 com o desmentido das autoridades iranianas de que o avião ucraniano terá sido abatido por um míssil]