A Rússia tem um plano para enfrentar os riscos imediatos par alterações climáticas, em particular o aquecimento global, mas também tenciona aproveitar vantagens que ele traz. Entre elas, a menor necessidade de produzir energia para consumo, o aumento de terras para exploração agrícola e a abertura de novas rotas para navegação marítima.
Num documento publicado este fim de semana pelo Ministério do Desenvolvimento Económico, o Governo russo detalha os riscos, as vantagens e as medidas (30) a tomar nos próximos dois anos. Os riscos incluem secas e inundações, bem como fogos em larga escala como os que atingiram a Sibéria em 2019. Recentemente o Presidente Vladimir Putin já tinha notado a tragédia que o aquecimento global pode representar onde 60 por cento do território é constituído por permafrost.
Quanto à medidas a tomar, além das estritamente educacionais - informar as pessoas sobre o mundo como ele vai ser - e das medidas de emergência para alturas de crise (evacuações, vacinas, etc), as ações de fundo passam pela transição para culturas mais resistentes à seca e pela construção de estruturas capazes de deter eventuais inundações.
Conforme o próprio Putin reconheceu, o ritmo da subida da temperatura atmosférica na Rússia tem sido 2,5 vezes superior à média global - 2019 foi o ano mais quente desde que há registos. Somando isso à especial vulnerabilidade da Rússia em boa parte do seu território, o país não se pode dar ao luxo de ignorar as alterações globais.
Isto apesar de o seu Presidente continuar a negar o consenso científico segundo o qual a ação humana tem responsabilidades determinantes nessa área. "Ninguém conhece as origens das alterações climáticas globais", disse ele há semanas. E havendo vantagens, mais vale tirar partido delas...