O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou esta terça-feira que decidiu abandonar o Partido Social Liberal (PSL) e criar um novo partido, o Aliança pelo Brasil.
A saída de Bolsonaro acontece na sequência de uma série de desentendimentos entre o chefe de Estado e o presidente do PSL, Luciano Bivar. A crise no partido veio a público no início do mês passado, quando Bolsonaro pediu a um apoiante para “esquecer” o PSL porque Bivar estava “queimado para caramba”. Desde então, o grupo aliado de Bolsonaro e a ala de Bivar lutaram pela liderança da bancada parlamentar do PSL.
O grupo de Bolsonaro articulou a nomeação do deputado Eduardo, filho do Presidente, enquanto a ala de Bivar queria manter o deputado Delegado Waldir. Eduardo acabou por ganhar a corrida e destituiu todos os vice-líderes do PSL. Na altura, a deputada Joice Hasselmann disse que o Palácio do Planalto, sede da presidência do Brasil, tentou dar um “golpe” no partido nesta guerra pela liderança.
Ameaça de “implodir” o “vagabundo” Bolsonaro
Em plena crise, Waldir ameaçou que iria “implodir” Bolsonaro, apelidando o Presidente de “vagabundo” numa gravação áudio entretanto revelada. Posteriormente, voltou atrás e disse não ter nada contra Bolsonaro: “Somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim volta ao aconchego.” Depois, regressou ao ataque, acusando o Presidente de ter tentado comprar deputados com cargos para beneficiar o filho.
Segundo o portal de notícias G1, o Presidente brasileiro já avaliava há alguns meses a possibilidade de deixar o partido e passou a ter conversas frequentes com vários parlamentares e advogados. Nas três décadas que leva de carreira política, Bolsonaro integrou um total de oito partidos, fundando agora um nono.
Em janeiro do ano passado, Bolsonaro anunciou que trocaria o Partido Social Cristão pelo PSL para concorrer à presidência do país.
Eduardo desiste de cargo de embaixador nos EUA
A crise interna no PSL levou Eduardo Bolsonaro a anunciar que desistia da sua indicação a embaixador do Brasil em Washington, um dia depois de o pai, que foi quem o indicou, ter dito que preferia agora que Eduardo permanecesse no Brasil para “pacificar” o partido.
Eduardo rejeitou que a sua decisão tenha sido tomada para responder ao desejo manifestado pelo pai.
“Não, o Presidente sempre me deixou bem à vontade com relação a isso. Eu confesso que quando saiu o meu nome, quando fui indicado, eu fiquei até surpreso, não esperava que isso acontecesse. Num primeiro momento eu fiquei feliz, sim, óbvio. Quem não se sente prestigiado para assumir esse posto? Porém, no decorrer do processo, com amadurecimento, conversas, etc., foi-me fazendo pensar e culminou hoje aqui com essa decisão”, explicou então.