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Por que razão sente Pedro Sánchez inveja de Merkel e Macron? As frases que marcaram o único debate para as legislativas espanholas

Um único debate para esclarecer todas as dúvidas que os eleitores espanhóis ainda possam ter sobre o que defendem as principais forças políticas resultou num diagnóstico tépido por parte da maioria dos analistas: nada do que foi dito dissolveu totalmente o bloqueio que tolhe a política espanhola. Dia 10 o país vai de novo a votos com a questão da Catalunha e a ameaça da direita dura como principais catalisadores

BIEL ALINO/EPA

Apesar de não ser sempre justo analisar discursos políticos inteiros à luz de uma só frase, a comunicação política atual dá-se a essa simplificação: primeiro porque os debates não têm tempo suficiente para que cada político consiga explicar todo um programa, depois porque a comunicação está cada vez mais desenhada para caber num curto tweet, numa citação possante, num minuto memorável de rádio madrugadora. Durante dias antes do debate, de certo todos os principais líderes dos partidos espanhóis estiveram reunidos com os seus especialistas em comunicação a tentar condensar, em frases fortes, o seu pensamento. Estas são as frases que marcaram o debate.

Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista dos Trabalhadores Espanhóis

Sobre a crise na Catalunha: “Ao ouvirmos a direita fica claro que eles têm um problema com a Catalunha. Há um problema na Catalunha mas mas eles têm um problema com a Catalunha ”

Sobre os seus putativos colegas de coligação pós-eleitoral: “É evidente que o Sr. Iglesias nunca aceitará um governo onde o Sr. Inglesas não estejas”, disse sobre o líder das esquerdas Unidas Podemos. “As reformas laborais do PP levaram a que muitos trabalhadores mais pobres não conseguissem esticar os ordenados até ao fim do mês”, disse sobre o Partido Popular.

Sobre a expansão da extrema-direita: “Sinto inveja de Macron e Merkel que colocaram um cordão sanitário entre eles e a extrema-direita. Aqui o Cidadão e o PP tornaram-na social-democrata”.

Pablo Iglesias, líder da união de esquerda Unidas Podemos

Sobre “decência”: “Sr. Sánchez o que é preciso é ser decente e dizer com quem quer governar com cada um. Não se trata do nosso relacionamento pessoal, mas do bem do país”.

Sobre Economia e crise financeira: “São as grandes empresas do Ibex 35 que nos roubam destroem o Estado de bem-estar social. Você [Sanchéz] tem que persegui-las e os bancos têm de devolver os resgates”.

Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita Vox

Sobre a Catalunha: “A primeira coisa que eu faria na Catalunha seria promover a suspensão da autonomia, para podermos controlar a TV3, os Mossos e a educação”.

Sobre políticas de assistência social a emigrantes: “Como pensa ajudar os espanhóis que precisam se primeiro se preocupa com estrangeiros, Sr. Sánchez?”

Sobre Economia: “Contra o globalismo, defendemos a nossa economia, os nossos trabalhadores e os nossos produtos”.

Albert Rivera, líder do partido de direita liberal Cidadãos

Sobre a Catalunha: “Há que trazer de volta o artigo 155 [que suspende o cariz autonómico da Catalunha] e implementá-lo de verdade, com a ajuda do maior número possível de partidos constitucionalistas".

Sobre política internacional: “Somos um peso-pluma que não manda nada em termos de política internacional, por exemplo na América Latina (...). Devemos ser corajosos com os ditadores vivos, não apenas com os mortos”.

Pablo Casado, líder do PP, centro-direita

Sobre a Catalunha: “Porque é que o Sr. Sánchez apoia o plurinacionalismo? Porque precisa dos votos dos socialistas catalães” e ainda: “A Catalunha é uma nação? Quantas nações existem em Espanha?Como vejo que o Sr. Sánchez não responde, respondo eu: Sánchez declarou que a Catalunha é uma nação e a Espanha, uma nação de nações”.

Sobre Economia e crises: “No final de contas, o socialismo é o estágio entre os governos dos PP, é quando a crise aparece”.