Internacional

Chile cancela duas conferências internacionais por causa dos protestos

A cimeira de novembro da Cooperação Económica Ásia-Pacífico e a conferência da ONU sobre as alterações climáticas, agendada para dezembro, já não irão decorrer em Santiago. O Presidente do Chile sublinhou que o seu Governo tem de “dar prioridade ao restabelecimento da ordem pública”, após mais de duas semanas de manifestações

Protestos no Chile
Sebastian Brogca/Anadolu Agency/Getty Images

O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, disse esta quarta-feira que o país já não vai acolher a cimeira de novembro da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) nem a COP25, a conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, agendada para dezembro. Piñera sublinhou que o seu Governo tem de “dar prioridade ao restabelecimento da ordem pública”, após mais de duas semanas de protestos.

Esta é a primeira vez que um país cancela o seu papel de anfitrião da conferência da ONU tão em cima da hora. Em comunicado, a secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Patricia Espinosa, anunciou que a organização “está atualmente a explorar opções alternativas de acolhimento”.

A conferência do clima, prevista para decorrer entre os dias 2 e 13 de dezembro, destina-se à discussão da implementação do Acordo de Paris, o acordo internacional sobre o clima assinado em 2015.

EUA ainda esperam assinar acordo preliminar com China

Já entre os dias 15 e 17 de novembro o Chile ia acolher a cimeira da APEC, que se esperava poder vir a aliviar as tensões entre os EUA e a China. Enredados numa guerra comercial há cerca de um ano e meio, os Presidentes Donald Trump e Xi Jinping planeavam encontrar-se para discutir um possível acordo preliminar.

A Casa Branca informou entretanto que, embora seja necessário encontrar um novo local para a cimeira, Washington ainda espera assinar um acordo com Pequim no próximo mês. “Aguardamos com expectativa finalizar a primeira fase do histórico acordo comercial com a China dentro do prazo previsto”, referiu em comunicado.

Protestos já provocaram pelo menos duas dezenas de mortos

Pelo menos 20 pessoas morreram e mais de sete mil foram presas desde o início dos protestos em massa em meados deste mês. Originalmente desencadeadas por um aumento, entretanto suspenso, do preço dos bilhetes de metro em Santiago (a capital chilena), as manifestações passaram a contestar vários outros problemas, incluindo a desigualdade e os elevados custos dos cuidados de saúde.

Piñera declarou um estado de emergência e impôs um recolher obrigatório em muitas das principais cidades chilenas. No último sábado, uma manifestação terá levado mais de um milhão de pessoas para as ruas de Santiago. Os organizadores disseram ter-se tratado da maior manifestação desde a restauração da democracia no Chile, em 1990.