Um tribunal argelino requereu esta segunda-feira dez anos de prisão efetiva para um manifestante que empunhava uma bandeira berbere durante uma concentração contra o regime, indicou o seu advogado à agência noticiosa AFP.
O chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, general Ahmed Gaïd Salah, tinha prevenido que apenas as cores nacionais seriam autorizadas nos desfiles de protesto. Apesar desta advertência, numerosas bandeiras 'amazigh' (berberes, o grupo étnico original do norte de África) têm surgido nas manifestações, ao lado das bandeiras argelinas.
Os berberes argelinos, entre nove a 13 milhões de pessoas, exigem o reforço dos seus direitos culturais e linguísticos e concentram-se sobretudo na região montanhosa da Cabília, norte do país.
Em 05 de julho, Nadir Fetissi, 41 anos, um manifestante com uma bandeira berbere, foi detido por "atentado à unidade nacional", segundo o seu advogado Koceila Zerguine.
No julgamento que hoje decorreu no tribunal de Annaba, 400 quilómetros a leste de Argel, Fetissi arrisca "uma pena de dez anos de prisão efetiva e uma multa de 200.000 dinares [1.500 euros]", indicou Zerguine.
"Não existe qualquer texto jurídico que proíba empunhar outra bandeira para além da bandeira nacional", assegurou o advogado.
A sentença será anunciada na quinta-feira, segundo o advogado, que também precisou que Nadir Fetissi também empunhava igualmente uma bandeira argelina.
Cerca de 60 pessoas foram detidas e colocadas em prisão preventiva enquanto aguardam os seus processos em diversas cidades argelinas, na maioria em Argel, e por motivos semelhantes.
De acordo com os 'media' argelinos, duas pessoas já foram julgadas e condenadas a dois meses de prisão com pena suspensa, contra os cinco anos de prisão requeridos pelo procurador.
Homem forte do país magrebino após a demissão do presidente Abdelaziz Bouteflika em 2 de abril, o general Gaïd Salah disse ter fornecido às forças policiais e militares a indicação para assegurarem que todas as bandeiras à exceção do "emblema nacional" sejam banidas das manifestações.
Desde 22 de fevereiro que a Argélia regista um amplo movimento de contestação, assinalado por manifestações semanais de início contestavam o regime de Bouteflika, antes da sua queda, e agora exigem o afastamento dos seus antigos colaboradores próximos que permanecem no poder.