Internacional

Sánchez recusa proposta do Podemos que exigia vice-presidência e três ministérios

Negociações sobre uma coligação governamental para reconduzir Pedro Sánchez como primeiro-ministro voltam a estar bloqueadas, sem nenhum dos partidos - PSOE e Podemos - assumir a responsabilidade do impasse

Pablo Blazquez Dominguez/GETTY IMAGES

As negociações entre o Podemos e o PSOE mantêm-se num impasse, após Pedro Sánchez rejeitar esta quinta-feira a proposta de última hora do partido liderado por Pablo Iglesias que exigia a vice-presidência e os ministérios da Saúde, da Ciência e do Emprego, avança o jornal “El País”.

“Lembramos que não há ministérios de primeira, nem de segunda. Todos contribuem para melhorar a vida dos cidadãos e integram o Conselho de Ministros de Espanha”, declarou uma fonte socialista.

Durante esta manhã, o PSOE e o Podemos trocaram acusações pelo atual impasse das negociações desde as eleições gerais realizadas a 28 de abril, para a investidura de Pedro Sánchez. A vice-presidente do Governo do executivo espanhol, Carmen Calvo, foi mais longe e acusou mesmo o Podemos de ter a ambição de conseguir o “Governo inteiro”.

“Pediram-nos literalmente o Governo, embora o Podemos nos acuse de ter oferecido apenas um papel decorativo”, declarou Carmen Calvo, em entrevista à Cadena SER.

Segundo o líder das negociações do Podemos, foi o PSOE que voltou mais uma vez a romper as negociações. “Não tenho muita esperanças mas veremos até ao fim da manhã”, afirmou por sua vez o dirigente do Podemos.

Já o líder parlamentar da ERC (Esquerda Republicana Catalã), Gabriel Rufián, considerou que se ambos os partidos não chegarem a acordo sobre a formação de um governo de coligação será a “morte política de Iglesias y de Sánchez” e, entretanto, anunciou que vai mudar o seu voto e abster-se, colocando assim ainda mais pressão sobre Sánchez e Iglesias.

Também a coligação EU Bildu e o Compromís anunciaram que vão abster-se (“O PSOE está a fazer pouco para conseguir outros votos”, disse Baldoví, líder deste último partido, em declarações à TVE), e o Esquerda Unida também o fará caso não se chegue a acordo. “Com o estado em que se encontram as negociações, os deputados do Esquerda Unida optam pela abstenção na segunda votação. No entanto, continuamos a conversar tanto com o Governo como com o Podemos para ver se se chega a um acordo”, referiu o partido.

O PSOE e o Unidas Podemos têm até ao início desta tarde para tentar chegar a um acordo, antes da segunda e última votação depois de o Parlamento espanhol ter chumbado na terça-feira a investidura de Pedro Sánchez por 170 votos contra, 124 a favor e 52 abstenções.

Podemos desiste de integrar o Governo espanhol

Na sexta-feira, o líder do Podemos, Pablo Iglesias, anunciou que desistia de integrar o governo com base no argumento de que não queria ser o móbil do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) para que não haja um executivo de coligação, sustentando que o país necessita de uma coligação de esquerdas que “salvaguarde os direitos sociais” e que transforme essa questão no seu “eixo” estrutural.

A decisão do líder do Podemos foi tomada um dia depois de Pedro Sánchez ter reiterado que recusava liminarmente a hipótese de o líder do partido de extrema esquerda integrar o futuro governo espanhol, alegando que o executivo “ficaria paralisado” por “contradições internas.”

[NOTÍCIA EM DESENVOLVIMENTO]