A segunda ronda da sessão plenária de investidura de Pedro Sánchez como primeiro-ministro espanhol está marcada para as 13h30 (menos uma hora em Lisboa). O candidato socialista pedirá a confiança do Congresso dos Deputados com uma intervenção inicial de dez minutos. Os representantes dos restantes grupos parlamentares também poderão usar da palavra para explicar o seu sentido de voto num máximo de cinco minutos cada um.
A votação não começará antes das 14h25 de Madrid, a hora de início da primeira, realizada na terça-feira. Neste caso, para ser investido, Sánchez precisa de obter a maioria dos votos expressos, ao contrário da primeira votação, em que necessitava da maioria absoluta, ou seja, 176 assentos. Na terça-feira, ficou aquém desse resultado, com 124 votos favoráveis (o PSOE e o único deputado do Partido Regionalista da Cantábria), 170 votos negativos (PP, Ciudadanos, Vox, Esquerda Republicana da Catalunha, Juntos pela Catalunha, Navarra Suma e Coligação Canária) e 52 abstenções (Unidas Podemos, Partido Nacionalista Basco, Compromisso e Bildu).
Governo considera negociações “totalmente quebradas”
Ao início da noite desta quarta-feira, o Governo em funções deu por “totalmente quebradas” as negociações com o Unidas Podemos por considerar “inaceitáveis” os pedidos do partido de Pablo Iglesias. Segundo fontes do Executivo, os socialistas entenderam que aceder aos pedidos do Podemos significaria “criar dois Governos” e deixar o grosso das políticas sociais e económicas nas mãos da formação de Iglesias. O Podemos não deu ainda por terminadas as negociações e insiste num “Governo de coligação”, apesar de também não abrir mão das suas reivindicações.
Sánchez e Iglesias fizeram várias reuniões para tentar chegar a acordo para a formação de um Governo saído das eleições de 28 de abril. Os encontros revelaram-se infrutíferos mas as conversas continuaram nos bastidores, antes e depois da votação de terça-feira. Com um dos lados a roer oficialmente a corda, o cenário de repetição de eleições a 10 de novembro ganha mais força. Um outro cenário possível seria uma união dos partidos de direita.
Recorde algumas das frases mais marcantes dos últimos dias:
“O acordo não é fácil mas une as promessas da esquerda. Temos a oportunidade de progredir no emprego decente, na revolução digital, na transição ecológica, no feminismo, na justiça social e em mais Europa”, disse o presidente do Governo em funções e secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez.
“Se, por casmurrice, não fizerem uma coligação connosco proporcional aos votos, temo que nunca será presidente [do Governo]. Não nos vamos deixar humilhar”, respondeu o secretário-geral do Unidas Podemos, Pablo Iglesias.
“Um Governo Sanchezstein”: assim será o Executivo liderado por Sánchez, segundo o senador do PP Rafael Hernando, que se referiu às negociações entre o PSOE e o Podemos como um “teatrinho”. O presidente dos populares, Pablo Casado, já tinha atirado a Sánchez: “Você não é de fiar”.
“Se pensou que isto ia ser uma passeata, já está claro que não é”, declarou o presidente do Ciudadanos, Albert Rivera, dirigindo-se a Sánchez.
Um Governo apoiado por “comunistas, separatistas, pró-etarras, chavistas e golpistas”, acusou Santiago Abascal, presidente do Vox.