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Conluio Trump/Rússia. Procurador especial Robert Mueller vai testemunhar no Congresso a 17 de julho

“Se estivéssemos convictos de que o Presidente claramente não tinha cometido um crime, teríamos dito isso”, disse Mueller nas primeiras declarações públicas que fez desde o início da investigação de dois anos à interferência de Moscovo nas eleições americanas de 2016. O procurador será ouvido por duas comissões da câmara baixa do Congresso dos EUA

MANDEL NGAN/AFP/Getty Images

O procurador especial Robert Mueller, que divulgou em abril um relatório sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA, vai testemunhar em sessão aberta perante as comissões judiciária e de informação da Câmara dos Representantes a 17 de julho. A informação foi avançada esta terça-feira pelos presidentes de ambas as comissões, Jerrold Nadler e Adam Schiff, respetivamente, num comunicado conjunto, citado pela agência de notícias Reuters.

O relatório de 448 páginas de Mueller concluiu que Moscovo interferiu nas eleições e que a campanha do agora Presidente, Donald Trump, teve vários contactos com responsáveis russos. No entanto, a investigação não encontrou provas suficientes de uma conspiração criminosa entre a campanha e a Rússia.

O documento, que foi parcialmente editado, também descreveu casos em que Trump tentou interferir com a investigação de Mueller, mas recusou-se a fazer um julgamento sobre se isso equivaleria a uma obstrução à justiça.

“Se estivéssemos convictos de que Trump não tinha cometido um crime, teríamos dito isso”

Nas suas primeiras declarações públicas desde o início da investigação de dois anos, Mueller revelou a 29 de maio que o processo nunca terminaria com acusações criminais contra Trump e que caberia ao Congresso decidir sobre uma eventual destituição presidencial. “Se estivéssemos convictos de que o Presidente claramente não tinha cometido um crime, teríamos dito isso. No entanto, não determinámos se o Presidente cometeu um crime”, sublinhou.

O procurador-geral norte-americano, William Barr, disse não haver provas suficientes no relatório para concluir que Trump fez obstrução à justiça. Por sua vez, o Presidente declarou que o documento o ilibava totalmente do que, desde o início, apelidou de caça às bruxas montada por democratas frustrados com a sua vitória nas eleições.

Alguns democratas defenderam que Trump devia ser destituído do cargo, através do processo de ‘impeachment’, na sequência das conclusões de Mueller.

“Os americanos exigem ouvir diretamente o procurador especial”

No comunicado, Nadler e Schiff, ambos democratas, referiram que “os americanos exigem ouvir diretamente o procurador especial para que possam entender o que ele e a sua equipa examinaram, descobriram e determinaram sobre o ataque da Rússia à nossa democracia, a aceitação da campanha de Trump e o uso dessa ajuda e a obstrução do Presidente e dos seus associados à investigação sobre esse ataque”.

Quando falou no final de maio, Mueller disse que o seu escritório iria fechar formalmente as portas e que ele voltaria à sua vida como cidadão. “Além do que disse aqui hoje e do que está contido no nosso trabalho escrito, não acredito que seja apropriado falar mais”, declarou, acrescentando que não iria além do que constava do relatório em qualquer testemunho futuro no Congresso.

Antigo diretor de campanha e ex-advogado de Trump já cumprem penas

Desde a publicação do relatório, os congressistas democratas têm tentado, sem sucesso, que o Departamento de Justiça divulgue uma versão não editada e provas subjacentes.

A investigação de Mueller comprometeu dezenas de pessoas, incluindo vários assessores de Trump e uma série de indivíduos e empresas russas. Entre eles o ex-diretor da campanha presidencial Paul Manafort, que está a cumprir uma pena de sete anos e meio de prisão por crimes financeiros e violações da legislação sobre lobbying, e Michael Cohen, antigo advogado pessoal de Trump, que recentemente iniciou uma pena de três anos de prisão por violações das regras de financiamento de campanhas e por ter mentido ao Congresso.