Internacional

Brasil e Argentina esperam fechar acordo comercial com União Europeia dentro de três semanas

Os Presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Argentina, Mauricio Macri, anunciam que o Mercosul está prestes a fechar um acordo de comércio livre com a União Europeia depois de mais de 20 anos de negociações. Portugal sempre defendeu um acordo que lhe abrisse portas na América Latina

Os Presidentes de Brasil e Argentina, Jair Bolsonaro e Mauricio Macri
JUAN MABROMATA/GETTY

"Estamos muito perto de um acordo com a União Europeia", anunciou o Presidente argentino, Mauricio Macri, durante declaração na Casa Rosada, sede do Governo argentino.

Ao seu lado, numa visita de Estado à Argentina, Jair Bolsonaro reforçou: "Estamos na iminência de assinar um acordo do Mercosul com a União Europeia. Trouxemos todos os ministros que interessam para a alcançar esse objetivo. Todos nós ganharemos com isso", concluiu Bolsonaro.

Tanto Macri quanto Bolsonaro, diferentemente dos seus antecessores, defendem o livre comércio como elemento de prosperidade económica.

Na Presidência rotativa do Mercosul até 17 de julho, bloco formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, Mauricio Macri tem a expectativa de fechar o acordo nas próximas semanas como uma forma de potencializar a sua campanha eleitoral baseada na inserção da Argentina no mundo, objetivo que perseguiu desde que tomou posse em dezembro de 2015.

Já Bolsonaro defende a abertura comercial do Brasil em sintonia com reformas estruturais como a previdenciária e a tributária, as que tenta aprovar no Parlamento brasileiro.

Ao assumir em janeiro, Bolsonaro defendeu flexibilizar o Mercosul para que se abrisse ao mundo, processo que os membros do bloco, na verdade, iniciaram com a viragem da região à direita, a partir da chegada de Macri à Presidência.

"O Mercosul encaminha-se aos seus 30 anos (1991). Nesse período o mundo mudou. Aquilo que nasceu para nos integrarmos entre os nossos países precisa agora de ser a base para nos relacionarmos com o mundo", explicou Macri, garantindo "estar seguro sobre a assinatura do acordo Mercosul-União Europeia nas próximas semanas".

O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, também prevê um acordo. "Queremos avançar para fecharmos um acordo dentro de três ou quatro semanas", apontou Guedes.

A reunião técnica entre os dois blocos vai acontecer no próximo dia 20 em Bruxelas. Se a negociação avançar, haverá uma reunião ministerial no dia 27 também em Bruxelas já para fechar um entendimento.

Na semana passada, o MNE brasileiro, Ernesto Araújo, encontrou-se, em Paris, com a comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström, durante a reunião da OCDE. Malmström coincidiu na perspectiva de um acordo.

Até mesmo a França, país que sempre resistiu a um acordo por defender os seus produtos agropecuários, sector em que Brasil e Argentina são potências globais, cedeu a um entendimento. Ernesto Araújo recebeu luz verde do chanceler francês Jean-Yves Le Drian.

Portugal sempre foi favorável a um acordo que aproximasse comercialmente as duas regiões. Para a diplomacia portuguesa, um acordo entre o Mercosul e a União Europeia está em sintonia com a estratégia de abrir e de fortalecer ligações com a América Latina.