A justiça sueca anuncia, esta segunda-feira, se irá reabrir a investigação à alegada violação de que é acusado o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, escreve o “USA Today”.
A investigação foi suspensa há dois anos porque, segundo o Ministério Público, não era possível levá-la por diante enquanto Assange estivesse na embaixada do Equador em Londres, onde passou os últimos sete anos.
No dia 11 de abril, as autoridades equatorianas retiraram-lhe o asilo após uma série de disputas. A polícia britânica foi convidada a entrar na embaixada e Assange já saiu de lá preso. No primeiro dia de maio, foi condenado a 50 semanas de prisão no Reino Unido por ter violado as condições de liberdade condicional a que estava sujeito desde 2012.
“Não quero entregar-me para ser extraditado por ter feito jornalismo”
O australiano está formalmente acusado nos Estados Unidos de associação criminosa com vista a cometer “pirataria informática”, punível com uma pena máxima de cinco anos de prisão. É também acusado de ter ajudado a ex-analista dos serviços secretos norte-americanos Chelsea Manning a obter uma palavra-passe para aceder a milhares de documentos classificados como segredos de defesa.
Entretanto, Assage negou perante um tribunal de Londres o consentimento para ser extraditado para os EUA. “Não quero entregar-me para ser extraditado por ter feito jornalismo que obteve vários prémios e protegeu muitas pessoas”, justificou Assange, em comunicado.
Um juiz britânico reconheceu que o processo de extradição de Assange pode levar “vários meses”, tendo sido marcadas novas audiências para 30 de maio e 12 de junho.
O helicóptero americano que disparou sobre civis no Iraque
A WikiLeaks foi criada por Assange e por um grupo de amigos em 2006 como um site para onde podiam ser enviados documentos e imagens confidenciais para serem disponibilizados online. O site ganhou destaque com a divulgação em 2010 de um vídeo gravado três anos antes que mostrava um helicóptero militar dos EUA a disparar sobre civis no Iraque. O ataque matou várias pessoas, incluindo dois elementos de uma equipa de reportagem da agência de notícias Reuters.
Só em 2010, o site divulgou mais de 90 mil documentos confidenciais relacionados com ações militares americanas no Afeganistão e cerca de 400 mil documentos secretos sobre a guerra no Iraque. No mesmo ano foram tornados públicos cerca de 250 mil telegramas diplomáticos do Departamento de Estado norte-americano que puseram a nu avaliações muito críticas de alguns líderes mundiais, desde o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, a membros da família real saudita.
Chelsea Manning libertada ao fim de dois meses
Na quinta-feira, Chelsea Manning foi libertada dois meses depois de ter sido detida por recusar testemunhar num caso contra a WikiLeaks. Segundo os seus advogados, Manning foi imediatamente convocada para comparecer perante um novo júri esta semana.
A libertação acontece na sequência da expiração do prazo para o júri anterior, que tentava conseguir um depoimento da antiga militar naquela que se acredita ser a mais longa investigação do Governo dos EUA à WikiLeaks e ao seu fundador.
Em comunicado, os advogados de Manning revelaram que a sua cliente deverá comparecer em tribunal na próxima quinta-feira, 16 de maio, o que significa que, se voltar a recusar testemunhar, como fez no início de março, poderá regressar à prisão.