A polícia argelina prendeu na noite de domingo quatro dos irmãos Kouninef, uma poderosa família de empresários próximos do ex-Presidente Abdelaziz Bouteflika, forçado a demitir-se em 2 de abril, anunciou nesta segunda-feira a televisão estatal.
Os detidos deverão ser ouvidos no âmbito de uma informação judicial, designadamente por "desrespeito dos compromissos contidos nos contratos concluídos com o Estado, tráfico de influência para obter importantes vantagens e desvio de fundos", antes de serem presentes perante o procurador, referiu a mesma fonte.
A família Kouninef é considerada próxima de Saïd Bouteflika, irmão e poderoso ex-conselheiro do antigo chefe de Estado, que se demitiu sob a pressão conjugada da rua e dos militares.
Muito influentes mas muito discretos, os irmãos Kouninef dirigem um império que se estende do setor agroalimentar à indústria petrolífera.
O chefe de Estado-Maior do Exército, general Gaïd Salah, apelou em 16 de abril à justiça para "acelerar a cadência" dos inquéritos abertos por corrupção contra os homens de negócios com ligações ao antigo clã presidencial.
No início de abril, o ex-patrão dos patrões argelinos, Ali Haddad, um rico homem de negócios, igualmente próximo de Bouteflika, foi enviado para a prisão após ser detido quando se deslocava em direção à Tunísia. Foi detido após a descoberta de divisas não declaradas e de dois passaportes, uma infração de acordo com a legislação argelina. Um dia após a sua detenção, a justiça anunciou a abertura de inquéritos sobre os casos de corrupção e transferências ilícitas de capitais.
As autoridades judiciais argelinas também proibiram um certo número de pessoas de deixarem o país, sem revelarem os nomes, mas os 'media' indicaram a identidade de uma dezena de influentes homens de negócios, todos com ligações ao círculo próximo do chefe de Estado.
Desde 22 de fevereiro que decorrem na Argélia manifestações massivas desencadeadas contra a recandidatura de Bouteflika a um quinto mandato, e que se evoluíram para uma ampla contestação a todo o regime dominado desde a independência em 1962 pela Frente de Libertação Nacional.