O Partido Comunista da China expulsou esta quarta-feira o antigo presidente da Interpol Meng Hongwei, acusando-o de abusar do seu poder para financiar um estilo de vida extravagante e de cometer violações “sérias” da lei.
O desaparecimento misterioso de Meng durante uma viagem a Pequim, em setembro do ano passado, chamou a atenção do mundo para “os perigos de se estar do lado errado do sistema jurídico opaco e altamente politizado da China”, escreve o jornal “The New York Times”. Posteriormente, as autoridades chinesas disseram que Meng se encontrava detido por corrupção.
O responsável de 65 anos, o primeiro chinês a liderar a Interpol, nunca mais foi visto. Em janeiro deste ano, a sua mulher anunciou que ia pedir asilo a Paris por se sentir ameaçada. “Preciso que o Governo francês me proteja, me ajude, a mim e aos meus filhos”, disse, em declarações à rádio France Info. Na altura, a esposa de Meng explicou que tinha “medo de ser sequestrada”, tinha recebido “telefonemas estranhos” e tinha sido seguida por um casal de chineses até ao hotel onde se encontrava hospedada.
O desaparecimento e a importância da lealdade política
Meng era vice-ministro de Segurança Pública da China quando foi eleito presidente da Interpol, em 2016. Depois de embarcar num avião com destino a Pequim, a 25 de setembro do ano passado, a família perdeu-lhe o rasto. Após vários dias de silêncio e face à pressão internacional, a Comissão Nacional de Supervisão da China confirmou a sua detenção.
De acordo com o Ministério chinês de Segurança Pública, a investigação foi aberta depois de as autoridades terem detetado que Meng aceitou um suborno e violou a lei estadual com um comportamento que causou “sérios danos” ao partido e à segurança nacional.
A 21 de novembro, a assembleia-geral da Interpol decidiu substituir Meng pelo sul-coreano Kim Jong Yang. A organização policial internacional tinha recebido, a 7 de outubro, uma carta de renúncia de Meng e uma comunicação de Pequim, informando que este já não seria o delegado da China naquele organismo.
Segundo especialistas citados pelo “New York Times”, a severa punição de Meng será uma forma de o Presidente Xi Jinping, o líder mais poderoso da China desde Mao Zedong, sinalizar que a lealdade política é fundamental no país.