Internacional

Dois aviões da Força Aérea russa desembarcam na Venezuela com quase 100 soldados a bordo

O primeiro avião transportava o chefe do comando principal das forças terrestres da Rússia e 99 militares, enquanto o segundo carregava 35 toneladas de material. O desembarque aconteceu no sábado e, no domingo, um avião de carga deixou Caracas, segundo informações de sites de monitorização de voos

Dois aviões da Força Aérea russa desembarcaram no sábado no principal aeroporto da Venezuela com um responsável da defesa da Rússia e quase 100 soldados a bordo de um deles.

O site de monitorização de voos Flightradar24.com mostra que um avião de passageiros Ilyushin IL-62 e um avião de carga militar Antonov An-124 Ruslan partiram na sexta-feira do aeroporto militar russo Chkalovsky, nos arredores de Moscovo, em direção a Caracas, tendo parado na Síria durante o trajeto. Segundo o site ADS-B Exchange, um avião de carga deixou a capital venezuelana no domingo à tarde.

Os voos transportaram funcionários para fazer consultas, revelou a agência de notícias estatal Sputnik, que cita uma fonte anónima da embaixada russa. “A Rússia tem vários contratos que estão a terminar, contratos de caráter técnico militar”, precisou a fonte.

Objetivo: mostrar apoio de Putin a Maduro

O jornalista venezuelano Javier Mayorca escreveu no Twitter no sábado que o primeiro avião transportava o major-general Vasily Tonkoshkurov, chefe do comando principal das forças terrestres da Rússia, e 99 militares, enquanto a segunda aeronave carregava 35 toneladas de material.

Mayorca sugeriu, citado pelo jornal online NoticieroDigital.com, que a presença na Venezuela de Tonkoshkurov e dos militares tem como objetivo demonstrar o apoio do Presidente russo, Vladimir Putin, ao seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro.

O jornalista publicou no YouTube um vídeo da chegada do cargueiro russo.

Os governos da Venezuela e da Rússia não responderam aos pedidos de comentário da agência Reuters.

Exercícios militares e sanções

A chegada dos aviões acontece três meses depois de os dois países terem realizado exercícios militares em solo venezuelano no que Maduro disse tratar-se de um sinal de fortalecimento das relações e que Washington classificou como ingerência russa na região.

A administração Trump aplicou sanções à indústria petrolífera da Venezuela para tirar Maduro do poder e pediu aos líderes militares que o abandonem. O Presidente venezuelano denunciou as sanções como intervencionismo dos EUA e conseguiu o apoio diplomático da Rússia e da China.

Em dezembro, dois bombardeiros estratégicos russos, capazes de transportar armas nucleares, desembarcaram na Venezuela numa demonstração de apoio a Maduro que enfureceu Washington.

A crise da ajuda humanitária

Na quarta-feira, o Presidente venezuelano anunciou que Moscovo enviaria medicamentos para a Venezuela “na próxima semana”, sem especificar de que forma chegariam mas acrescentando que a Rússia enviou em fevereiro cerca de 300 toneladas de ajuda humanitária.

Ainda no mês passado, as autoridades venezuelanas bloquearam a entrada de ajuda humanitária coordenada pela equipa do autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, que incluía suprimentos fornecidos pelos EUA.