O Presidente da República do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, anunciou esta terça-feira a sua demissão após quase 30 anos no cargo. O mandato só terminaria em abril do próximo ano.
“Decidi deixar as minhas funções enquanto Presidente. Não foi uma decisão fácil. Agradeço o facto de o povo do meu país me ter dado a oportunidade de ser o primeiro chefe de Estado de um Cazaquistão independente”, afirmou o governante demissionário num discurso transmitido pela televisão estatal.
Nazarbayev sublinhou ainda que espera que o seu sucessor possa prosseguir o caminho seguido pelo país com base numa “nova geração de líderes” e que “continue as reformas em curso”, refere a Aljazeera.
O governante e ex-líder do partido comunista do Cazaquistão não avançou na democratização do sistema político nacional, mas apostou em reformas económicas. Nas últimas semanas, Nazarbayev reconheceu, contudo, que o país estava a atravessar uma crise económica, perdendo alguma popularidade.
O anúncio não surpreendeu os meios de comunicação locais, que nos últimos meses avançaram que o chefe de Estado deveria deixar em breve o poder, após ter pedido ao Tribunal Constitucional para esclarecer o processo de renúncia presidencial. Alguns críticos advertem que Nursultan Nazarbayev poderá querer manter alguns privilégios e poderes após esta renúncia, questões que terão sido esclarecidas pelo Tribunal Constitucional.
Será o porta-voz do Parlamento do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, que assumirá as funções do Presidente até abril de 2020.
Nursultan Nazarbayev, de 78 anos, foi chefe do Governo da antiga República Socialista Soviética Cazaque entre 1984 e 1989. No ano seguinte foi eleito Presidente do Cazaquistão, depois de o país ter deixado de fazer parte da União Soviética. Voltou a ser reeleito em 1999, 2005, 2011 e 2015 com maioria absoluta. Só nas últimas eleições, o governante conquistou 97,7% dos votos. No entanto, vários organismos e observadores internacionais levantaram dúvidas quanto aos atos eleitorais.