“Os terroristas assassinaram ontem em Madrid pelo menos 192 pessoas e feriram mais de 1400, ao fazer explodir 10 das 13 bombas que ocultaram em mochilas e sacos de plástico, com entre oito e 12 quilos de dinamite cada uma”, podia ler-se no “El País” na ressaca da matança em quatro comboios da capital espanhola naquele 11 de março de 2004.
Olga Rojas sobreviveu ao atentado terrorista, na estação de El Pozo. Depois de duas explosões e da brisa de ar quente que sentiu, um homem disse-lhe para seguir com ele sem olhar para trás, conta esta segunda-feira ao jornal “El Mundo”, que junta ainda as histórias de Ramón Cuervos, Juan Ortega e Milagros Valor, que perdeu o homem com quem tinha casado dois anos antes.
“É como se fosse hoje”, desabafa Rojas ao diário espanhol, informando que teve de largar os estudos de piano por causa das lesões que lhe retiraram grande parte da audição. "A luz apagou-se, mas o relógio continuava iluminado. Já não via as pessoas que tinha estado a observar", recorda, especificando o lugar onde ia sentada e um grupo de raparigas em grande algazarra que entraram em El Pozo.
Passaram 15 anos mas ainda há um mês concluiu uma terapia de “choque”. Já não se sente culpada por ter sobrevivido.
Espanha presta homenagem às vítimas do atentado de 2004 em Madrid
Associações de vítimas, políticos, agentes sociais e cidadãos recordam esta segunda-feira as 192 vítimas dos atentados à bomba contra quatro comboios em Madrid, no dia 11 de março de 2004, por uma célula radical islâmica.
As cerimónias oficiais que assinalam os 15 anos sobre o maior atentado terrorista em Espanha começaram às 9h30 (8h30 em Lisboa) na Puerta del Sol, centro da capital espanhola.
Estiveram presentes, entre outros, o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, o presidente do Partido Popular, Pablo Casado, o presidente da Comunidad de Madrid, Angel Garrida, e a presidente da Câmara de Madrid, Manuela Carmena.
“Não os esquecemos”, escreveu o chefe do Executivo, Pedro Sánchez numa mensagem que difundiu através da rede oficial Twitter pouco antes do início da cerimónia.
Durante a manhã, na estação de comboios de Atocha, decorre uma homenagem que conta com representantes da Associación 11M Afectados por el Terrorismo, que integra sobreviventes e familiares das vítimas, além de representantes da autarquia.
Ao princípio da tarde, no Parque do Retiro vai decorrer uma cerimónia promovida pela Associação de Vítimas do Terrorismo, junto ao local onde foram plantados 192 ciprestes que integram o "Bosque da Memória".
Ao longo do dia, membros do Executivo e associações de vítimas vão prestar homenagem aos mortos em vários pontos da capital e no município de Alcalá de Henares, local de onde partiu um dos comboios atingido pelos terroristas.
No total, 192 pessoas de 17 nacionalidades morreram nos atentados: 34 morreram no comboio que explodiu na estação de Atocha, 62 na rua Téllez, onde passava outra composição, 65 na estação de El Pozo, 14 na estação de Santa Eugénia e 16 que acabaram por não resistir aos ferimentos e que se encontravam nos vários hospitais para onde foram transportadas.
A última vítima dos atentados morreu em 2014 depois de ter estado dez anos em estado de coma devido aos ferimentos provocados pelas explosões dos terroristas suicidas.