Internacional

Piratas informáticos norte-coreanos estão mais sofisticados e são “mesmo, mesmo, mesmo muito ativos”

Os ataques são frequentemente dirigidos a bancos, estruturas essenciais como centrais eléctricas ou empresas de fornecimento e transformação de gás e petróleo

KACPER PEMPEL / REUTERS

Não podem competir tanque a tanque, drone artilhado a drone artilhado, bomba telecomandada a bomba telecomandada com os inimigos do Ocidente mas podem competir em perícia tecnológica, ou pelos menos assim parece, a julgar pela última análise conduzida pela empresa de cibersegurança McAffee à atividade dos ‘hackers’ da Coreia do Norte.

Mesmo sem a forte tensão que um dia caracterizou os diálogos entre o líder do país, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ambos continuam inimigos. A mais recente cimeira entre ambos, realizada na semana passada no Vietname, não correu bem mas também ninguém se insultou. Os ataques, porém, são incessantes, e esse encontro não mudou nada, segundo os mapas de atividade ilícita na internet que a McAfee facultou ao diário “New York Times”.

Os ataques são frequentemente dirigidos a bancos, estruturas essenciais como centrais eléctricas ou empresas de fornecimento e transformação de gás e petróleo. Como conta o “New York Times”, a McAfee conseguiu analisar os ‘hackers’ norte-coreanos com a ajuda de uma força de elite de investigação que não é nomeada no artigo, o que permitiu ter acesso em tempo real ao principal servidor norte-coreano; ou seja, ver onde, quando e de que forma, os ‘hackers’ atacaram, em simultâneo, centenas de redes internas de algumas das maiores empresas do mundo.

As moradas destes computadores estão, na sua maioria, na Namíbia, um dos poucos países que ainda se relaciona com Pyongyang. “Eles são mesmo muito, muito, muito ativos. Não pára”, disse ao diário norte-americano Raj Samani, o principal analista da McAfee.

A maioria dos ataques teve como destino empresas com sede nos Estados Unidos, principalmente em cidades como Houston, no Texas, o Estado do petróleo e em Nova Iorque, o centro financeiro do país. Londres, Telavive, Madrid e Tóquio também registaram vários ataques.

O ataque de malware “WannaCry”, que paralisou dezenas de empresas em 2017, foi perpetrado pela Coreia do Norte. Segundo os analistas contactados pelo “New York Times”, os ‘hackers’ norte-coreanos estão muito melhores no método (investigam previamente os seus alvos nas redes sociais), e também a esconder as suas atividades (o tráfego das suas atividades está a aparecer numa linguagem cada vez mais encriptada)