Internacional

China proíbe importação de carvão australiano em cinco portos para “proteção ambiental”

A explicação foi dada por um porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores. No entanto, a decisão surge na sequência do cancelamento do visto de um destacado empresário chinês e da proibição de fornecimento de equipamento pela Huawei para a rede 5G australiana. As importações de carvão da Rússia e da Indonésia não serão afetadas

O porto de Dalian é um dos cinco portos chineses que deixam de importar carvão da Austrália
VCG/Getty Images

As autoridades chinesas proibiram a importação de carvão australiano em cinco portos e vão limitar as importações globais de carvão em 2019. A informação é avançada pela agência de notícias Reuters, que, citando uma fonte anónima, esclarece que a decisão afeta os portos de Dalian, Bayuquan, Panjin, Dandong e Beiliang.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse esta sexta-feira que os portos tomaram as suas decisões sobre a matéria. “Penso que as pessoas devem ter cuidado para não tirarem conclusões precipitadas”, referiu o governante em Auckland, na Nova Zelândia, onde se encontra para conversações bilaterais com a sua homóloga Jacinda Ardern. “Vamos, claro, continuar a relacionar-nos com esses portos e com as autoridades e a trabalhar as mesmas questões regulatórias como fizemos no passado”, precisou.

A China é o maior parceiro comercial da Austrália, sendo o carvão o maior produto de exportação de Camberra. Não foi dada qualquer explicação oficial para a proibição mas um porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores informou esta quinta-feira que a administração alfandegária estava a testar as importações de carvão para “proteção ambiental”.

“Um lado feio da cultura política da Austrália”

A notícia surge na sequência da decisão recente de Camberra de cancelar o visto do destacado empresário chinês Huang Xiangmo e da proibição, em agosto do ano passado, da empresa chinesa de telecomunicações Huawei de fornecer equipamento para a rede de banda larga 5G da Austrália.

Na quinta-feira, o jornal chinês de língua inglesa “China Daily” publicou um editorial em que critica o senador Barry O’Sullivan, do Partido Nacional Liberal, pelas observações feitas esta semana durante uma comissão parlamentar. Segundo o diário, ao falar de chineses que violam regras de biossegurança, O’Sullivan mostrou “um lado feio da cultura política da Austrália”. O jornal, que acusa o Governo de Camberra de estimular a xenofobia, mencionou explicitamente a proibição imposta à Huawei.

“Camberra segue de perto linha definida por Washington”

“A decisão de impedir o fornecimento de equipamento pela Huawei e as alegações de alguns media e políticos australianos de que a China é o ‘ator estatal’ responsável pela recente invasão das redes dos principais partidos políticos da Austrália indicam que Camberra está a tentar seguir de perto a linha definida por Washington, mesmo comprometendo as suas relações com a China”, lê-se no editorial.

Entretanto, o ministro australiano do Tesouro, Josh Frydenberg, tentou minimizar a contenda, sublinhando que as relações comerciais entre os dois países sempre se basearam em acordos de “benefício mútuo”. Contudo, a Reuters refere que as importações de carvão da Rússia e da Indonésia não seriam afetadas pelas mudanças impostas por Pequim, o que tem gerado especulação de que a decisão tem motivações diplomáticas e não ambientais.