Internacional

Fundadora do #MeToo considera que movimento foi “deturpado”

Tarana Burke iniciou a campanha em 2006, para apoiar sobreviventes de violência sexual na sua comunidade e lamenta que o #MeToo se tenha tornado numa mera forma de vingança contra os homens

Sylvain Gaboury/Getty Images

Doze anos após ter fundado o movimento #MeToo, Tarana Burke diz não reconhecer a campanha, cuja intenção original contra a violência sexual considera ter sido deturpada e transformada numa forma de vingança contra os homens.

A ativista norte-americana, conhecida por lutar pelos direitos civis, iniciou a campanha em 2006, para apoiar sobreviventes de violência sexual na sua comunidade. O ano passado, na sequência das várias alegações contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, a frase ganhou expressão mundial, mas Burke considera que o objetivo inicial acabou desvirtuado, enquadrado por alguns media como uma caça às bruxas.

Num evento do TEDWomen em Palm Springs, Califórnia, Tarana Burke citou como exemplo a utilização política do movimento, a propósito da controvérsia em redor da nomeação de Brett Kavanaugh para o supremo tribunal dos EUA.

“De repente, um movimento centrado nos sobreviventes de violência sexual está a ser referido como uma referência de vingança contra os homens”, disse, dirigindo-se à plateia. “Uma em cada quatro raparigas e um em cada seis rapazes são abusados ​​sexualmente a cada ano, e este é um movimento sobre essas vítimas, que carregam as feridas na idade adulta”, acrescentou, citada pelo “The Guardian”.

Sublinhando o seu desejo em ver o #MeToo regressar ao objetivo inicial, Tarana Burke falou num contributo para “uma visão coletiva orientada para um mundo livre de violência sexual”. “Acredito que podemos construir esse mundo. Ponto final”, concluiu.