Internacional

Aliado chave de Trump diz estar preparado para ser acusado

Roger Stone, que conhece o Presidente há décadas, terá sido um elemento chave na ligação à Rússia e a Wikileaks durante a campanha presidencial

Michael S. Schwartz/GETTY

Um dos aliados mais próximos de Donald Trump, o consultor e estratega político Roger Stone, admitiu domingo num programa de televisão a possibilidade de vir a ser acusado por Robert Mueller, o ex-diretor do FBI que foi nomeado há um ano para investigar as ligações da Rússia à campanha presidencial de Trump. “Estou preparado, se for o caso. Mas acho que isto só demonstra, mais uma vez, que era suposto tratar-se de conspiração russa, e afinal parece ser um esforço para punir os apoiantes do Presidente e os seus defensores”.

Estas afirmações contradizem o que já se sabe, e aquilo que o próprio Stone disse publicamente há dois anos. Ao contrário do que aconteceu com outras pessoas entretanto acusadas por Mueller, não estão em causa atos criminais alheios ao tema central da investigação que esta tenha desenterrado no decurso dos seus inquéritos. Stone é suspeito de ter sido um elemento de ligação entre a Rússia e a campanha de Trump.

Ao longo de 2016, várias vezes o consultor se gabou da sua ligação a Assange e anunciou que se avizinhavam revelações sobre Hillary Clinton. Numa mensagem do Twitter, por exemplo, escreveu: “Tenho total confiança que @wikileaks e o meu herói Julian Assange vão educar o público americano em breve #LockHerUp” (prendam-na)”. Outra diz: “Bomba a caminho “Lockthemup” (prendam-nos)”. Num email de agosto de 2016, contou: “Acabei de almoçar com o meu amigo Julian Assange a noite passada”. Atualmente, perante a ameaça da investigação, garante que nunca jantou com Assange.

As mensagens a vangloriar-se eram seguidas, não muito depois, pela publicação de material roubado nos servidores do Partido Democrata – por exemplo, mails do diretor de campanha de Hillary Clinton, John Podesta, visando claramente embaraçar a candidata – por via da plataforma Wikileaks. Apesar disso, Stone nega ter mantido qualquer ligação à Rússia ou ter tido conhecimento dos materiais na posse de Assange – e muito menos ter partilhado essas informações como então candidato Donald Trump.

“Não é inconcebível que o sr. Mueller e a sua equipa procurem conjurar algum crime exterior a este assunto que tenha a ver com o meu negócio, ou mesmo que nada tenha a ver com as eleições de 2016. Seria um esforço para me calar”, disse Stone no domingo.