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Nova investigação conclui: macacos de bigode da Etiópia são uma espécie distinta

Assim foram descritos há 150 anos, mas a classificação foi erradamente abandonada anos depois. Cientistas repuseram agora a verdade, depois de voltarem a estudar estes símios

ADEK MICA/AFP/Getty Images

Se há animal que faria sentido ter origem lusa, talvez fosse o macaco-pata, conhecido pelo seu bem composto bigode, a fazer juz a tão típico atributo nacional. Mas não, os cientistas voltaram a olhar com mais atenção para estes macacos na Etiópia e foi outra a conclusão a que chegaram: ao contrário do que se pensava, e atendendo à sua distribuição e aparência física, eles formam uma espécie distinta.

Originalmente descritos como tal, em 1862, os macacos-pata foram posteriormente cruzados - incorretamente - com outros macacos-pata para formar uma única espécie, explica um artigo publicado pela revista Primate Conservation.

Comuns na África subsaariana, estes símios estão entre os mais rápidos do planeta, capazes de atingir velocidades de cerca de 55 km/hora.

Spartaco Gippoliti, um dos investigadores envolvidos na investigação agora apresentada, reavaliou a informação disponível sobre os “macacos de bigode” na região do Nilo Azul na Etiópia e no Sudão e a sua análise levou-o a recuperar a classificação do Erythrocebus poliophaeus, proposta pela primeira vez há mais de 150 anos.

Esta é de facto uma espécie distinta, concluiu. Estes macacos vivem na bacia do Nilo Azul no oeste da Etiópia e no vizinho Sudão e estão geograficamente separados dos outros macacos-pata pela região pantanosa de Sudd, no Sudão, e pelo planalto etíope. As suas caras e narizes são pretos e entre as orelhas e os olhos não possuem uma faixa que é característica noutros macacos-pata.

Anthony Rylands, do grupo de conservação Global Wildlife Conservation, já comentou a investigação, enaltecendo as vantagens da “pesquisa meticulosa”, única forma de conseguir “proteger de forma mais eficaz as espécies reconhecidas e as ameaças que enfrentam”.