A editora Gallimard anunciou na quinta-feira a suspensão da reedição de panfletos anti-semitas do famoso romancista francês Louis-Ferdinand Céline, em sequência da polémica que o caso despoletara.
O advogado francês e perseguidor de nazis Serge Klarsfeld ameaçara tomar medidas legais, considerando que Céline “influenciou toda uma geração de colaboracionistas que enviaram judeus franceses para as suas mortes”.
“Eu estou a suspender o projeto, tendo concluído que não existiam condições para um trabalho adequado em termo de metodologia e história”, afirmou Antoine Gallimard.
Os panfletos foram escritos entre 1937 e 1941, quando a França já começara a ser ocupada pelos nazis. Posteriormente, após o desembarque das forças aliadas na Normandia, Céline abandonaria o país onde acabou por ser condenado por colaboracionismo com os nazis, um julgamento que decorreu sem a sua presença.
O autor, que faleceu em 1961, não quis que os textos voltassem a ser editados, mas a sua viúva, atualmente com 105 anos, dera recentemente autorização para tal.
Um dos maiores grupos franceses de judeus considerara que os textos constituem “uma incitação ao racismo e ao ódio anti-semita”.
Gallimard contra-argumentara que os textos seriam apresentados “no seu contexto de grande violência e marcados pelo ódio anti-semita do autor”, acrescentando que “censurá-los impede que seja feita luz sobre as suas raízes ideológicas e apenas atrai curiosidade não saudável”.