O Presidente de França aterrou quinta-feira em Riade, capital da Arábia Saudita, para uma visita sem prévio anúncio para, nas suas palavras, sublinhar a importância da estabilidade no Líbano para toda a região.
A chegada de Emmanuel Macron ao país aconteceu quase uma semana depois de o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, se ter demitido durante uma visita a Riade no sábado, dizendo que tomou a decisão por "temer pela própria vida". A explicação veio alimentar suspeitas de que Hariri foi pressionado pelos sauditas a abdicar do cargo.
No seu primeiro encontro com Mohammed bin Salman desde junho, quando o seu pai, o rei Salman da Arábia Saudita, o nomeou príncipe herdeiro, Macron discutiu a questão libanesa e a situação no Iémen, após a coligação liderada pelos sauditas ter encerrado todas as rotas que ligam à nação em guerra na segunda-feira, depois de os rebeldes houthis terem lançado um míssil que foi intercetado perto de Riade.
Os sauditas atribuíram a tentativa de ataque à milícia libanesa Hezbollah, que é apoiada pelo Irão. Horas antes da chegada de Macron a Riade, a ONU avisou que o Iémen enfrenta a pior crise de fome severa do mundo em décadas, alertando que esta resultará em "milhões de vítimas" se o bloqueio se mantiver e se a distribuição de ajuda humanitária não for retomada rapidamente.
Também ontem, a Arábia Saudita, bem como os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait, avisaram todos os libaneses a viver nos territórios que devem voltar imediatamente para o seu país. A BBC aponta que muitos libaneses temem que o seu país venha a estar envolvido num conflito maior entre a Arábia Saudita sunita e o Irão xiita.
Nos Emirados Árabes Unidos, antes de embarcar para Riade, Macron disse que teve uma conversa com Hariri e que ia falar cara-a-cara com o príncipe herdeiro bin Salman para "sublinhar a importância da estabilidade e integridade do Líbano".
Depois do encontro, a presidência francesa disse em comunicado que Macron e Salman discutiram questões regionais, em particular o Iémen e o Líbano, para "garantir a preservação da estabilidade na região". O líder francês também aproveitou para anunciar que está a planear uma visita a Teerão em 2018 — uma que, a concretizar-se, marcará a primeira viagem oficial de um Presidente francês ao Irão desde 1971.