Internacional

Presidente brasileiro não se demite

O Presidente brasileiro, Michel Temer, reafirmou este sábado que não se demite do cargo

Igo Estrela/Getty Images

Temer invocou, na sua declaração ao país no Palácio do Planalto, uma notícia publicada este sábado pela “Folha de São Paulo”, segundo a qual uma perícia à gravação que supostamente o incrimina “constatou que houve edição no áudio” da sua conversa com Joesley Batista, na qual terá recomendado ao empresário pagar uma verba regular ao ex-deputado Eduardo Cunha. “Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos e incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação”, o que “levou muitas pessoas ao engano e trouxe uma grave crise ao Brasil”.

E acrescenta que irá dar entrada no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para suspender o inquérito de corrupção passiva de que é alvo no Supremo Tribunal Federal (STF). “Por isso, no dia de hoje, estamos entrando em competição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito até que seja verificada a autorização da gravação clandestina.”

O Presidente brasileiro lançou depois um violento ataque ao empresário Joesley Baptista, da JBS, que registou uma conversa com Temer a 7 de março (com um gravador escondido), entregando-a depois aos investigadores da Operação Lava Jato. “Cometeu o crime prefeito. Graças à gravação fraudulenta especulou contra a moeda nacional. Antes de entregar a gravação comprou um bilhão [mil milhões] de dólares porque sabia que isso provocaria o caos do câmbio. Por outro lado, sabendo que a gravação reduziria as acções da sua empresa, vendeu-as antes da queda da bolsa... A JBS lucrou milhões e milhões de dólares em menos de 24h”.

Michel Temer defende que, ao contrário do que se tem vindo a retirar do áudio, o audio é, pelo contrário, “a prova cabal que o meu Governo não estava aberto a ele. O Governo não atendeu a seus pedidos. Como se sustenta a acusação de corrupção passiva?”, perguntou.

“Muito do que foi dito nos depoimentos de Joesley [Baptista] e Ricardo [Saud, diretor da J&F]”, acrescentou ainda o presidente brasileiro, “provam falta de sintonia. Há muitas mentiras espalhadas nos seus depoimentos. Lembrem-se da acusação de que eu dera aval para comprar o silêncio de um ex-deputado. Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela adulterada.” E sublinha: “Não existe porque não comprei o silêncio de ninguém, não obstruí a justiça e não fiz nada para adulterá-la. Houve falso testemunho à justiça. Atentam contra o meu vocabulário e a minha inteligência.”

Recorde-se que Joesley Batista e Ricardo Saud fecharam um acordo de delação premiada com o Ministério Público do Brasil, entregando várias provas no âmbito da Operação Lava Jato.

A concluir, Temer afirmou: “Estamos a acabar com os velhos tempos das facilidades aos oportunistas. E isso incomoda muito. Há quem me queira tirar do Governo para voltar aos velhos tempos em que faziam tudo o que queriam. O Brasil exige que se continue no caminho da recuperação.” E termina com uma garantia: “O Brasil não sairá dos trilhos, continuarei à frente do Governo.”

Notícia atualizada às 19h40